terça-feira, 2 de setembro de 2008

NOVO BLOG

A PARTIR DE AGORA, O CONTEÚDO DO BLOG ESTÁ DISPONÍVEL EM OUTRO ENDEREÇO

http://psacaldassy.wordpress.com

NO NOVO BLOG, TUDO ESTÁ MAIS ORGANIZADO E DIVIDIDO POR CATEGORIAS, ALÉM DE CONTAR TAMBÉM, COM SINOPSES DE MEUS TEXTOS PARA TEATRO.

ESPERO A VISITA DE TODOS E APROVEITEM PARA DEIXAR SUAS CRÍTICAS E SUGESTÕES SOBRE O NOVO BLOG PARA QUE ELE POSSA ESTAR CADA VEZ MELHOR.


ABRAÇOS À TODOS

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

NOTÍCIAS

FESTUERN coloca o teatro em pauta


Programação do VI FESTUERN
25 de agosto a 02 de setembro de 2008.
28 de agosto de 2008 (quinta-feira)

19h50min. O Pequeno Conselheiro do Rei – Paulo Sacaldassy
Grupo: Cia Teatral do JSBEscola Municipal Joaquim da Silveira BorgesMunicípio: Mossoró-RNDireção Artística: Francisco Teixeira da Silva

sábado, 23 de agosto de 2008

"ESCUTA AQUI, SEU LADRÃO!" EM MINAS

Apresentação do meu texto "Escuta aqui, seu ladrão!" pelo grupo Reflexão-Ação de Ouro Fino/MG

Apresentação do meu texto "Escuta aqui, seu ladrão!" pelo grupo Os Teatráveis de Divinópolis/MG

Apresentação do meu texto"ESCUTA AQUI, SEU LADRÃO!", pelo grupo Grande Palco de Montes Claros/MG

"QUERO APROVEITAR E AGRADECER AOS TRÊS GRUPOS MINEIROS, PELA OPORTUNIDADE DE PODER LEVAR MEU TEXTO AOS PALCOS DE SUAS CIDADES"

Cada dia uma nova história

Diferentemente de outras artes, como o cinema e a literatura, que contam histórias e as finalizam com a gravação de um vídeo e com um ponto final, respectivamen-te, nunca haverá um mesmo espetáculo de teatro, pois a cada apresentação, haverá uma nova emoção para contar a mesma história.

Talvez esteja aí, um dos motivos que motivam e acabam seduzindo ainda mais as pessoas a fazerem teatro. Essa oportunidade de contar a mesma história a cada dia e de surpreender com uma interpretação, ou ser surpreendido pela receptivi-dade da platéia, não se encontra em qualquer lugar, talvez na música se consiga algo semelhante.

Me lembro do tempo em que ainda me arriscava sobre um palco (para o bem da arte isso já ficou lá bem pra trás) e das poucas apresentações que fiz, jamais repetimos a mesma apresentação, mesmo com toda a marcação, com o mesmo texto ali na ponta da língua, nada se repetia, sempre parecia algo inédito.

O teatro é bem mais do que muitos pensam e a sua grandiosidade ainda não foi devidamente compreendida a ponto de receber o entendimento que merece. A ponto de quem sabe, ser compreendido tal qual o cinema, por exemplo. Sem entrar no mérito disso ou daquilo, mas por que uma história registrada em vídeo, que capta a emoção do momento de sua gravação, consegue ter mais cartaz do que uma história que, a cada dia, pode ser contada com uma emoção diferente em cima de um palco?

Acho que o caráter marginal do teatro explique um pouco isso, mas, talvez tam-bém esteja aí, outro ponto que leva as pessoas a se apaixonarem por ele, pois essa arte marginal que subverte a ordem das coisas e que não está presa a paradigmas de estéticas e de formatos, pode contar suas histórias e fazer com que as pessoas que as interpretem, se entreguem sem receios, experimentem, ousem, reinventam o ser humano a cada dia e sempre de um jeito diferente, algo que o cinema jamais será capaz.

Feliz o artista que faz do teatro a sua arte e pode experimentar a cada dia uma nova maneira de contar uma mesma história. E feliz também, aquele que tem a oportunidade de assistir a um espetáculo por várias vezes, pois estará sempre tendo a oportunidade de ver contada uma história de forma diferente.

sábado, 16 de agosto de 2008

O prazer de fazer

Quando alguém se dispõe a entrar para um grupo de teatro e se deixa picar pelo tal bichinho da arte, acaba entendendo o porque de muitos atores se identificarem com o teatro. Muitos até só se entregam de verdade, quando estão em cena em cima de um palco. Por quê? Porque o prazer de fazer é o que basta.

É no teatro que a carpintaria de se esculpir uma personagem pode ser executada até a perfeição. É no teatro que a psicologia de se entender uma personagem é buscada e rebuscada até a compreensão total. É no teatro que o ator exercita sua improvisação. É no teatro que o ator expõe sua alma.

É claro que atores experientes e de grande talento, são capazes de realizar um bom trabalho, tanto na televisão, quanto no cinema, afinal de contas trata-se de uma profissão e o ofício de sua arte deve ser realizado pelo ator seja lá aonde for. Mas prazer de fazer, só o teatro lhe dá.

Quem se aproveita da fama instantânea para se lançar sobre um palco, indo atrás de vil metal e aplausos sob flash's reluzentes, jamais vai entender porque tantos atores abrem mão de aparecerem na mídia para poderem se dedicar de forma plena ao teatro, por mais dura que seja essa vida. O prazer de fazer é capaz de suprir necessidades inimagináveis.

Ator de teatro é capaz de passar uma vida inteira fazendo o seu ofício de forma amadora, sem se importar com o sucesso, sem pensar em fama, pois o prazer de fazer é o alimento que o faz continuar, aprendendo, aprendendo e aprendendo e será o que lhe levará ao estrelato, se a sorte lhe abraçar. Não é a busca do sucesso que importa, apenas o prazer de fazer.

Talvez por isso tudo, muitos achem que ator não passa de um louco, mas o prazer de fazer da insanidade um ato lúcido, ou vice-versa, nenhum cidadão normal é capaz de entender e jamais entenderá. Só quem tem o teatro na alma sabe o quão bom é, o êxtase de uma apresentação. Porque fazer por prazer, só no teatro se é capaz.

sábado, 9 de agosto de 2008

O teatro e a mídia

Venho percebendo através das solicitações que recebo pedindo autorização para montagem de textos de minha autoria, que o teatro está presente em todas as cidades, até mesmo nas mais longínquas e distantes cidades, o que me remete a pensar, que de certa forma, o teatro sofre de um grave problema, a falta de apoio da mídia.

Se existem pessoas procurando levar cultura através do teatro, mesmo em pequenas cidades, isso mostra que de alguma maneira, o teatro é popular, sim, pois se fizermos uma pesquisa pelo país, os números serão surpreendentes. Então, o problema da popularização do teatro é puro abandono da mídia.

O dia que houver uma massificação da mídia abrindo espaço para o teatro, com certeza haverá uma mudança de comportamento na população que será notada a olho nu, pois a mídia não tem idéia de quantas pessoas estão envolvidas com o teatro por todo país, seja de forma amadora ou profissional.

Acho que a mídia não dá o tratamento que o teatro merece, são poucos os veículos de comunicação que abrem espaço para falar dessa arte, a não ser quando tem alguém famoso envolvido no projeto, mesmo assim, não tem a mesma abertura que a música tem. É certo que com a internet, o teatro tem conseguindo de alguma maneira, um espaço maior para a divulgação, mas nada se compara com o poder que toda a mídia tem. Já pensou a mídia trabalhando de verdade a favor do teatro?

Parece que o teatro é o primo pobre da família, sempre rejeitado, que precisa viver de esmolas, de favores, mas que volta e meia é lembrado quando se quer mostrar algum trabalho com comunidades carentes e a importância do teatro na melhoria da vida daquela comunidade. Será que o teatro só é bom mesmo apenas como instrumento social? Se a mídia sabe da importância do teatro na vida das pessoas, por que lhe dá esse tratamento?

A população é ávida por teatro, não é difícil perceber isso, basta ir a qualquer apresentação onde a entrada seja grátis. As pessoas conhecem e gostam de assistir a um espetáculo de teatro, o que acontece é que muitas vezes, por não ter o espaço merecido, o espetáculo acaba não sendo divulgado e se perde a oportunidade de aproximar ainda mais, o teatro da população.

Talvez se a mídia desse um espaço maior para o teatro, não teríamos que testemunhar o sacrifício de vários abnegados, que têm sempre de implorar com um pires na mão, por patrocínios e apoios, para poderem levar o teatro ao encontro da população.

domingo, 3 de agosto de 2008

A dramaturgia e o ator

Na montagem de um espetáculo de teatro, ator e texto precisam estar numa perfeita sintonia para que a apresentação saia a contento, não é mesmo? Digamos que um bom ator acompanhado de um bom texto é como arroz com feijão, a combinação perfeita. E para que isso aconteça é preciso um envolvimento completo.

Quando um ator conhece como funciona a estrutura dramática de um texto, desde a sua concepção até o seu ponto final, o trabalho acaba sendo facilitado e a compreensão de como o autor quis contar a história, torna a concepção geral do espetáculo bem mais clara.

Do outro lado, creio que quando um autor conhece a carpintaria cênica, além do conhecimento técnico de uma estrutura dramática, aliada a sua criatividade, acaba escrevendo um texto que torna mais fácil o trabalho do ator, por isso, entendo que conhecer o processo de criação do ator, faz com que o dramaturgo escreva muito mais que simples palavras no papel.

A dramaturgia e o ator são partes de uma parceria, que quanto mais perfeita, mais sincronizada, melhor é o resultado final de um espetáculo. Há atores que não conhecem a estrutura dramática de um texto e acabam não explorando tudo o que o autor quis passar. Por outro lado, há autores que não conhecem o universo do teatro e acabam se aventurando, produzindo textos rasos, com falhas de carpintaria e de estrutura, tanto dramática, como cênica.

Quanto mais um ator conhecer o universo de um dramaturgo e vice-versa, melhor se chegará a um bom resultado. Não que seja necessário que cada qual viva na pele a função do outro, muito embora existam aqueles que têm competência para fazer os dois papéis.

O mais importante mesmo, é deixar claro que um espetáculo de teatro vai muito além do que a apresentação em um palco. É algo que começa nos textos de um dramaturgo, passa pelas mãos de um diretor e acaba nos palcos nas ações de um ator. E quanto mais sintonia houver entre todos, melhor para o resultado final.

sábado, 26 de julho de 2008

Em busca da oportunidade

Tenho ouvido muita gente reclamando que faltam oportunidades para novos autores de novelas. Será que falta mesmo? E será que tem espaço para tanto autor de novelas assim? Por que será que tem tanta gente querendo ser autor de novelas? Será que é por que gostam de escrever, ou apenas por que querem ficar famosos? Essas perguntas intrigam os meus pensamentos.

Vivem reclamando por oportunidades. Ora, a oportunidade é a gente que faz. Se em toda a profissão cada qual é obrigado a sair à luta, por que que para ser autor de novelas precisa-se que alguém lhe dê alguma oportunidade? Aliás, em se tratando de novelas, onde o funil é por demais estreito, é preciso muito mais que uma simples oportunidade para poder fazer parte de uma novela, mesmo que seja como colaborador.

Acho que está existindo uma grande confusão entre ser um autor de novelas e gostar do gênero "novelas", pois um autor de novelas é acima de tudo um contador de histórias e histórias podem ser contadas de mil e uma maneiras e não dependem única e exclusivamente do formato novela de televisão. E quem acha que só será feliz escrevendo novela, na verdade não gosta de escrever, quer mesmo é aparecer.

Não adianta viver sonhando com a oportunidade de ter uma chance de ser um autor de novelas e passar os dias escrevendo sinopses e mais sinopses na esperança de que um dia elas sejam lidas por alguém famoso e influente, assim, só está desperdiçando a oportunidade de construir um trabalho de verdade, um trabalho que o leve de fato, até a tão sonhada oportunidade.

Peças de teatro, roteiros de cinema, livros, poesias, textos em blogs, tudo isso, pode parecer que não, mas pode ser o seu passaporte para a conquista do tão sonhado posto de autor de novelas. Todo autor precisa ter um trabalho construído e solidificado em alguma área da escrita, isso é fato. Ninguém é só autor de novelas, pelos menos eu não conheço ninguém que se apresente como escritor de sinopses.

Acho que quem busca uma oportunidade, deve fazê-la através de seu trabalho, pois é ele que despertará a atenção das pessoas responsáveis em contratar autores de novelas. E não adianta ficar implorando oportunidade quando não se tem nada para mostrar, pois somente sinopses não são suficientes para demonstrar o quanto se é capaz de encabeçar um projeto tão caro.

A chave de tudo é e sempre será o trabalho, por isso, além de sonhar, faça por onde tornar o sonho realidade, porque a oportunidade pode bater a sua porta e você não estar preparado para ela.

sábado, 19 de julho de 2008

Nada resiste ao talento

Ás vezes pode parecer que o caminho é tão longo, que não se acredita ter força para continuar a caminhada. Às vezes a estrada é tão difícil que se pensa até em desistir. E muitos realmente ficam pelo caminho, outros, apenas fazem pequenas paradas estratégicas para se prepararem melhor e outros, seguem firmes e não esmorecem nunca.

O caminho é muito árduo e a luta contínua, por muitas vezes, desigual. Até que se alcance o reconhecimento, muitas e muitas batalhas são deflagradas durante a jornada, mas no final, aquele que acredita em seu talento, chega. Cedo ou tarde, mas chega.

A vida é cheia de exemplos que mostram, que nada resiste ao talento. E não é porque se mora longe dos grandes centros, por exemplo, que não se alcançará o reconhecimento. Aliás, hoje, principalmente com a Internet, as distâncias não existem. Então, essa desculpa já não pode mais ser dada, a menos que no fundo, esse alguém queira mesmo é desistir da caminhada

Todos sabem que o funil é muito estreito e passar por ele está cada vez mais difícil, até porque, pessoas que buscam apenas a fama, acabam de uma certa forma, dificultando ainda mais o caminho, principalmente para aqueles que têm um trabalho sério á mostrar. Mas, a vida é assim mesmo, cada um luta com as armas que têm.

O mais importante de tudo é ter a consciência no trabalho que se faz e no talento que se tem, seja ator, cantor, escritor, dançarino, o talento do artista sempre acaba falando mais alto, pois quem tem algo a mostrar, sempre terá a sua chance e estar preparado para ela, pode ser a chave de tudo.

Então, por mais difícil que seja a estrada e mais longo que seja o caminho, percorrê-lo é a única opção para quem busca o seu lugar ao sol. Não se deve jamais, se preocupar com as pedras no caminho, porque no final de tudo e apesar de tudo, nada resiste ao talento.

sábado, 12 de julho de 2008

Artista por completo

Vocês hão de concordar comigo que é sempre bom assistir a um espetáculo onde os atores, além de mostrarem uma boa interpretação, são capazes de cantar e dançar com a mesma desenvoltura. Mas, uma coisa eu não consigo entender. Por que é que existe um certo preconceito com quem tenta flutuar entre duas artes, como interpretar e cantar, por exemplo?

São raros os artistas que não sofrem críticas quando resolvem transitar entre uma arte e outra, mesmo mostrando talento e condições para desenvolvê-las com grande desenvoltura.

É sabido que muitos artistas, que não estão preparados para executar uma arte diferente da sua, se aventuram em executá-la, recebendo muitas vezes, até elogios por suas atuações. Mas sabemos também, que muitas vezes, essa troca de arte, como um cantor interpretando, ou um ator cantando, são simples participações para garantir a audiência de certos programas, pois um artista completo que realmente leva a sério ás várias artes que domina, não consegue a mesma exposição.

Quando um ator sem grande expressão, tenta se lançar com um cantor, muitos torcem o nariz, pois duvidam de sua capacidade. O mesmo acontece ao inverso. Quando um cantor sem tanta popularidade, quer enveredar pelo caminho da interpretação, chovem críticas. É esse preconceito que acho estranho. Os artistas populares, podem tudo, mas o artista completo, não pode se dar a esse direito.

Ora, se o artista é completo, não interessa em que arte ele tenha maior visibilidade. O que interessa é que se ele tem talento suficiente para transitar entre várias artes, que o faça. O que podemos fazer é simplesmente aplaudir tamanha desenvoltura e talento.

Por isso, abaixo ao preconceito. Artista completo deve ser respeitado, pois ele não se fecha em torno de apenas uma arte. Não que quem não faça isso seja inferior. Um artista por completo, não tem limites para expor suas emoções, por isso necessita de várias manifestações artísticas. E cá entre nós, um espetáculo feito por um artista completo é muito melhor de assistir, não é mesmo?

sábado, 5 de julho de 2008

A aposta no novo

Todos sabem que quase tudo nessa vida está atrelado ao fato de se ter experiência. Se não tem experiência, as chances são mínimas, para não dizer quase nenhuma. Isso é voz corrente em quase todas as atividades. Até entendo que existam certas atividades onde quanto mais experiência, melhor. Mas, será que quando se fala de arte essa experiência é mesmo fundamental?

Como no futebol, que para mim também é arte, mesmo que muitos brucutus queiram fazer parecer que não, o talento que brota dos pés de tantos garotos recém saídos da adolescência é capaz de encantar à todos e a tal falta de experiência não chega a fazer falta, assim, também acredito que no mundo das artes, seja lá qual for, música, teatro, cinema, o talento é que deve ser a aposta.

Por que será que é tão difícil apostar no novo? São sempre poucas, quase escassas, as chances para que algum nome novo possa mostrar o quanto é capaz. Quantas bandas de garagem chegaram ao estrelato ao serem uma aposta de alguém que enxergou ali, em jovens adolescentes sem a mínima experiência, o brilho do talento? E quantos artistas totalmente desconhecidos do grande público, alcançaram o sucesso, pois mesmo sendo nomes novos, mostraram possuir enormes talentos?

Quando alguém resolve apostar em um nome não conhecido do grande público, mesmo que em muitas das vezes ele não seja assim tão jovem e nem tão novato e lhe dá uma oportunidade, quase sempre acaba sendo surpreendido, pois o retorno é quase líquido e certo, até porque, o talento não se mede pela experiência que se tem, muito menos pelo fato de se ser um mero novato.

Acho que a aposta no novo sempre é salutar, pois acaba revigorando, estimulando e dando uma nova direção para algo que andava estagnado. Assim acontece na música, no futebol, algumas vezes no cinema, volta e meia em alguns setores das artes cênicas e em momentos raros na televisão. Por isso, não importa o quanto se seja novato, ou o quanto se tenha de experiência, o que importa é que apareçam pessoas dispostas a arriscar no talento.

Que o talento seja sempre reconhecido e que o novo seja cada vez mais a aposta.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

DEPOIS DA CHUVA

NA RUA, UMA MULHER SE PROTEGE DA CHUVA ENCOLHIDA SOB UM GUARDA-CHUVA. UM HOMEM SE APROXIMA.

HOMEM - Que chuva, heim?
MULHER - Humrum!!
HOMEM - Você está muito tempo aqui?
MULHER - Sim!
HOMEM - Não tenha medo, não vou lhe fazer mal!
MULHER - Não tenho medo!
HOMEM - Você vai para onde?
MULHER - Não sei ainda!

UM RAIO RASGA O CÈU, A MULHER SE ENCOLHE AINDA MAIS. O HOMEM TENTA PROTEGÊ-LA, MAS ELA O AFASTA.

HOMEM - Só queria lhe proteger!
MULHER - Homens só protegem com segundas intenções!
HOMEM - Não tinha intenção nenhuma!
MULHER - Mas tentou me agarrar!
HOMEM - É que lhe senti assustada com o raio!
MULHER - Pode deixar que estou bem!
HOMEM - Sabe, eu também tenho medo de raio!

A MULHER ESBOÇA UM SORRISO NO CANTO DOS LÁBIOS.

HOMEM - É verdade! Você acha que homem não sente medo?
MULHER - Homens se acham muito superiores.
HOMEM - Você deve ter sofrido muito, não é mesmo?
MULHER - Mulheres sempre sofrem!
HOMEM - Mas, não deviam sofrer tanto!
MULHER - Posso lhe fazer uma pergunta?
HOMEM - Claro que sim!
MULHER - Você é homossexual?
HOMEM - Pareço?
MULHER - Não!
HOMEM - Então por que você me fez essa pergunta?
MULHER - Homem que trata bem mulher hoje em dia, só os homossexuais!

O HOMEM ESBOÇA UM SORRISO NO CANTO DOS LÁBIOS.

MULHER - É verdade! Todo homem é cafajeste!
HOMEM - Acho que o problema não é do homem, é da humanidade!
MULHER - Isso você tem razão!
HOMEM - Você fugiria comigo?
MULHER - Eu nem lhe conheço direito!
HOMEM - A gente se conhece com o passar dos tempos!
MULHER - Não posso!
HOMEM - Por quê?
MULHER - A chuva!
HOMEM - Eu te protejo!
MULHER - Não acho que posso confiar em você!
HOMEM - Eu estou disposto a entregar minha vida à você!
MULHER - Por que você faria isso?
HOMEM - Porque eu vou morrer!
MULHER - Jura?
HOMEM - Não tenho muito tempo!
MULHER - Você não tem ninguém?
HOMEM - Nunca soube aproveitar o que me deram?
MULHER - Está arrependido?
HOMEM - Não!
MULHER - Então por que você quer que eu vá com você?
HOMEM - Queria um colo pra morrer em paz!
MULHER - E por que eu?
HOMEM - Você também está a espera de alguém!
MULHER - Quem lhe disse isso?
HOMEM - Mulheres quanto estão sob a chuva é porque esperam por alguém!
MULHER - Talvez eu tenha me despedido de alguém!

A CHUVA QUE ERA FORTE, AGORA TEM POUCO INTENSIDADE.

HOMEM - Vem comigo!
MULHER - Não posso!
HOMEM - Olha, a chuva já está parando!
MULHER - Você vai morrer!
HOMEM - Depois da chuva sempre vem o sol.
MULHER - Mas, eu vou sofrer!
HOMEM - Mas, vai valer à pena!
MULHER - Não sei!

A CHUVA PÁRA.

HOMEM - Olha só! Não precisa mais esperar!
MULHER - Mas, eu não estou esperando!
HOMEM - Eu nem estava procurando e te encontrei!
MULHER - Só posso ir até metade do caminho. Tudo bem?
HOMEM - Tudo bem!
MULHER - Mas, e se eu me apaixonar?
HOMEM - Terá valido à pena!

O SOL SE ABRE E OS DOIS SAEM DE MÃOS DADA.

sábado, 28 de junho de 2008

O Teatro pode ser popular?

Muito se discute sobre a popularização do Teatro e a dificuldade que é aproximá-lo de todas as camadas sociais, o tornando assim, uma arte de massa. Ora, como se explica, uma arte que tem como essência retratar as questões de uma sociedade, não conseguir atingi-la como um todo?

Alguns dizem que o alto preço dos ingressos acaba afastando o público de baixa renda, outros dizem que o teatro é elitista por natureza e afugenta os menos favorecidos que o acham por várias vezes incompreensível. Mas, será que o diabo é assim tão feio como se pinta?

Está certo que por vezes o cenário não é mesmo favorável e o caminho da aproximação entre o Teatro e o povo não é nada fácil, mas ele não é nem elitista quanto parece e nem tão caro que não se possa pagar. Talvez o problema seja muito mais cultural do que financeiro, ou outro qualquer que se queira nomear.

E qual o caminho para essa popularização? Não sei dizer ao certo, mas posso afirmar que certas atitudes contribuem e muito, para a aproximação do teatro e a sociedade. E uma popularização, não se atinge da noite para o dia. É necessário primeiro, formar um público que se interesse pelo Teatro.

Muitas associações e entidades de classes, ou até mesmo algumas prefeituras, têm feito esforços no sentido de levar o teatro o mais perto possível de sua população, subsidiando espetáculos, organizando mostras, realizando festivais e eventos culturais gratuitos, em busca de ofertar ao povo um pouco mais da arte do Teatro.

Pode ser pouco? Pode! Mas, como todos sabem, o caminho até a popularização é longo. Só que são atitudes como estas, que dão mostras de que o teatro pode sim ser popular, pois quando alguém se dispõe a levá-lo à população, esta não se furta a prestigiá-lo.

Que cada um então, a sua maneira, possa dar sua pequena contribuição para que o Teatro possa estar cada vez mais perto da população, o fazendo assim, cada vez mais popular.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

DE OLHO NA VIDA ALHEIA

UMA MULHER SENTADA NO SOFÁ, ASSISTE TV. ENTRA O MARIDO.

MULHER - Você ta sabendo da novidade?

O MARIDO PASSA E NEM DÁ BOLA PARA MULHER. SAI EM DIREÇÃO AO QUARTO.

MULHER - Sabe a vizinha aí da frente? Dizem que ta de amante novo!
MARIDO - (EM OFF) É mesmo?
MULHER - Não se fala em outra coisa. É no açougue, no supermercado, na feira. Sabia que até tem um bolão para ver quem acerta?
MARIDO - (EM OFF) E você, o que acha?
MULHER - Eu já fiz a minha apostinha!

MARIDO ENTRANDO COM UMA MALA.

MARIDO - E quem você acha que é?
MULHER - Pra que essa mala? Vai viajar?
MARIDO - Eu perguntei: qual o seu palpite?
MULHER - Dá vizinha? Bem, analisando toda as situações, não tenho dúvida de algumas questões.
MARIDO - Quais são?
MULHER - Na certa é um homem mais velho, já estabelecido na vida, que com certeza não vive bem com a mulher, cujo os filhos já cresceram e quer muito viver um grande amor de verdade.
MARIDO - Você acha isso tudo?
MULHER - Acho!

A MULHER LEVANTE-SE E SAI EM DIREÇÃO A COZINHA.

MARIDO - Mas você ainda não disse quem você acha que é!
MULHER - (EM OFF) Mas tenho certeza que é essa pessoa!
MARIDO - E você não vai me dizer quem é?

MULHER ENTRANDO.

MULHER - Só se você me disser pra onde você vai com essa mala?
MARIDO - Se você me disser o seu palpite , te digo pra onde vou!
MULHER - Ta certo.
MARIDO - E, então?
MULHER - Como você sabe, conheço todo mundo nessa rua e sei da vida de todo mundo aqui, por isso...
MARIDO - ... por isso, te chamam de "Fofoqueira Mór!" Isso já sei, pula essa parte!
MULHER - Quem é fofoqueira aqui?
MARIDO - Ninguém! Ninguém!
MULHER - Eu sou apenas uma pessoa observadora, isso sim!
MARIDO - Vai, me diz! Quem é o caso da vizinha?
MULHER - Eu não tenho dúvidas nenhuma, que ela está envolvida com o João lá do final da rua. A relação entre ele e a mulher não é boa faz tempo. Toda a noite é uma gritaria só. Dizem que eles quebram o pau toda à noite! E ele reuni todas as suspeitas, até os filhos já estão crescidos!
MARIDO - E quanto você apostou?
MULHER - Eu apostei Mil! E vou ganhar mole isso aí! Agora me diz: Pra que é mesmo essa mala?
MARIDO - Bem, minha querida, lamento lhe informar que você cometeu dois erros e um acerto!
MULHER - Como assim?
MARIDO - Em relação á vizinha...
MULHER - Que é que tem?
MARIDO - Vou começar pelos erros. Primeiro: Você jamais deveria apostar seco no João! E segundo: Essa mala, é porque estou de mudança para a casa da vizinha. Cansei de viver com uma pessoa que só pensa na vida alheia.

A MULHER DESABA NO SOFÁ, SUPRESA.

MARIDO - (AO SAIR) Ah, o acerto, foi que a sua análise estava perfeita. Acertou em cheio em todas as razões. Tchau! Passar bem!

O MARIDO SAI E BATE A PORTA. A MULHER DESMAIA SOBRE O SOFÁ.

sábado, 21 de junho de 2008

Ih, deu branco!

Tudo parece perfeito, cenário, figurino, atores e atrizes afinados após meses exaustivos de ensaios, a adrenalina a mil a espera do terceiro sinal e junto a tudo isso, a expectativa para que o espetáculo saia como previsto e seja um grande sucesso.

A ansiedade já toma conta das coxias, o texto é passado e repassado por várias vezes antes do espetáculo começar. Cada marcação é revisada cuidadosamente. Não há o que dar errado. Agora é pra valer! Eis então que é dado o terceiro sinal.

Os atores entram em cena, o público se mostra bem receptivo com o que vê, a confiança parece acompanhar cada ator em cena, uma fala aqui, outra fala acolá e, de repente, um silêncio ensurdecedor enche a cena, os atores se entreolham... Ih, deu branco!

Pronto, agora assim, ali em cena, materializado, o momento em que todo ator teme, principalmente os mais novatos: esquecer o texto. O que fazer? Pra onde correr? Aquele silêncio aumentando, o nervosismo também. Os atores se entreolham novamente e eis que o exercício da improvisação aprendido lá no início de tudo, se apresenta como tábua de salvação. Um “caco” preenche então o vazio do texto esquecido.

É, um “caco”! É assim que os atores denominam a inclusão de algum texto que não consta da história original durante um espetáculo. E por muitas vezes, o “caco” acaba sendo de fato, um divisor de águas durante uma apresentação.

Por isso, não há com o que se preocupar, pois se no meio de uma cena você perceber que esqueceu o texto, respire fundo, concentre-se no seu personagem e tente buscar em sua memória alguma coisa que lhe remeta ao texto esquecido, mas se o silencio começar a invadir sua interpretação, exercite a improvisação e inclua sem culpa, um belo “caco”, afinal de contas, o espetáculo tem de continuar.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

O PECADO DA IRA

NA IGREJA, UM PADRE ENTRA PARA REZAR A MISSA.

PADRE – Irmãos! Estamos aqui reunidos para... para... para... para que vocês me encham o saco com essa ladainha! É todo dia isso! Eu já não agüento mais! Todos os dias vocês aqui enchendo minha paciência com os seus problemas. O que me interessa os seus problemas. Eu pergunto á vocês: Por quê ao invés de virem assistir a missa, vocês não ficam em casa? Assim, me poupava de mandar vocês embora! Porque é isso a vontade que eu tenho hoje.

APONTANDO PARA UMA CAROLA.

PADRE – E a senhora, ta fazendo essa cara por quê? Devia cuidar da sua vida ao invés de ficar fofocando sobre a vida alheia!

O PADRE ANDA NERVOSO PELO ALTAR.

PADRE – Vocês sabem o que aconteceu comigo? Não pensem que estou louco! Eu estou muito normal, viu? E por que vocês estão fazendo essas caras de paspalhos? Pois, vocês não passam de vaquinhas de presépio que baixam a cabeça para tudo que eu falo. Então eu falo: Vocês me enchem a paciência.

APONTANDO PARA UMA PESSOA QUE SAI SORRATEIRAMENTE.

PADRE – Ei você aí? Ta fugindo? É duro encarar a verdade, não é? Mas é melhor que você vá embora, mesmo! Quem sabe não dá tempo de pegar o outro o homem com a sua mulher em sua cama?

ALGUÉM RI.

PADRE – Quem é que está rindo aí? Não tem nada engraçado! Muito menos um palhaço aqui. Ou vocês acham que eu sou um palhaço? Sou? Por que ninguém responde! Seus covardes! Isso que vocês são! Covardes e fracos!

O SILÊNCIO É TOTAL.

PADRE – São todos uns egoístas! Ninguém quer saber seu tenho problema! Se Jesus me castigou por algum pecado que cometi! Vocês sabem por acaso se o meu time perdeu? É muito fácil vir todos os dias aqui, sentarem seus traseiros gordos nestes bancos, rezarem, rezarem, rezarem.... pedirem perdão, perdão, perdão...

APONTANDO PARA OUTRA CAROLA.

PADRE – Você acha que a sua vida ta ruim? Que seus problemas são mais importantes que os dos outros? Alguém bateu no seu carro? Alguém tentou te assaltar? Você ta passando fome? Vocês só pedem, pedem, pedem.... Eu já não agüento!

O PADRE TIRA DE DENTRO DA BATINA UMA METRALHADORA, AR-15 E METRALHA TODOS OS FIÉIS QUE ESTÃO ASSISTINDO A MISSA. SILÊNCIO. O PADRE TORCE O PESCOÇO PARA UM LADO, TORCE O PESCOÇO PARA O OUTRO. ALONGA OS BRAÇOS SOBRE A CABEÇA E RESPIRA FUNDO.

PADRE – Bem, irmãos! Estamos aqui reunidos, pois temos que aprender a ter mais paciência com o nosso semelhante, entender que todo mundo tem seu dia de fúria, que ninguém é perfeito, por isso irmãos: oremos!

O PADRE SE AJOELHA PARA REZAR. OUVE-SE SIRENES DE AMBULÂNCIAS E CARROS DE POLÍCIA.

sábado, 14 de junho de 2008

A interação no Teatro Infantil

O teatro infantil tem uma característica diferente do teatro adulto, mas nem por isso deve ser encarado como algo inferior. O que acontece é que diferentemente do espetáculo adulto, onde texto e interpretação são pontos chaves, no teatro infantil, a magia do espetáculo como um todo, acaba fascinando o público mirim que enxerga ali, muito da magia e da brincadeira de faz de conta que ele conhece apenas através dos livros.

E quando de repente, sem que esse público espere, ele se vê sendo convidado a participar do espetáculo, não apenas como um simples espectador, mas como parte integrante da história, a magia se torna completa e o fascínio é ainda maior, o público acaba se entregando de corpo e alma. Mas essa interação pode ser perigosa para quem está em cena.

Não é raro ver espetáculos infantis usando o expediente da interação como alavanca para aproximar a platéia, na maioria das vezes, a resposta é positiva e a criançada adora, pois é levada a participar do espetáculo. Mas, vale lembrar que sempre existe o risco de se perder o fio e aquilo que se pretendia ser uma interação pura, passa a ser brincadeira de animação e neste momento, o teatro infantil sai de cena.

Por conta de alguns espetáculos que escorregam nesse tipo de interpretação, baseada no princípio da interação, onde o público acaba sendo fundamental para apresentação, muitas pessoas ainda têm a idéia de que o teatro infantil é apenas brincadeira para distrair criança e não pode ser levado tão a sério.

Não que seja contra quem usa esse expediente, acho até interessante, pois aproxima a criança do teatro, levando muitas delas a quererem freqüentar cursos para um dia estar do outro lado do palco. Só me incomoda quando aquilo que devia ser uma interação, descamba para a balburdia e os atores deixam de ser personagens de uma história, para se transformarem em animadores de festas infantis em cima de um palco.

É óbvio que existem histórias que até levam automaticamente a interação com a platéia e outras, que de tão boas, acabam conduzindo a platéia a uma interação espontânea com os atores, afinal de contas, no teatro infantil a interação está sempre presente e é sadia, pois é a demonstração sincera de quanto aquele público mirim está se envolvendo com a história que é contada.

Mas, como não estou aqui para julgar ninguém, muito menos para criticar o trabalho de quem o faz com dedicação, tentando passar de alguma forma, a magia do teatro, que cada qual descubra a medida certa entre a interação e a interpretação, visando sempre levar ao público mirim, a magia de uma boa história e assim, manter viva a chama do teatro infantil.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

NEM O DIABO ESCAPA!

NO INFERNO, A DIABA ARRUMA SUA MALA CONTENTE. O DIABO CHEGA ENFURECIDO

DIABO - Não acredito que você teve coragem de fazer isso comigo!
DIABA - Eu ia te contar!
DIABO - Logo você que gritava aos quatro cantos que nunca trairia o seu marido!
DIABA - Peraí, não é bem assim, não!
DIABO - Como não?
DIABA - Não é bem assim como você está falando.
DIABO - Ah, não! Então quer dizer que inventaram outro nome pra traição?
DIABA - Olha como você é baixo... Que traição!

A DIABA SAI E VAI ATÉ O BANHEIRO.

DIABO - Não adianta fugir! Quero saber quem é o cara?
DIABA - (Em off) Tenha certeza que ele é muito melhor que você!
DIABO - Você me decepcionou!

A DIABA VOLTA E GUARDA ALGUNS OBJETOS PESSOAIS NA MALA.

DIABA - Você me decepciona há anos!
DIABO - Eu nunca seria capaz de fazer isso que você está fazendo comigo!
DIABA - Quem escuta até acredita!
DIABO - Mas é a mais pura verdade!
DIABA - Você confunde muito ás coisas!
DIABO - Confundo? Sei...
DIABA - Você pensa que eu sou igual á você? Não sou, não! Sou muito diferente! Aliás, nós, mulheres, somos muito diferentes! A gente não fica toda assanhada quando uma diabinha qualquer passa balançado o rabinho e sem nem pensar trata logo de passar o rodo na safada!
DIABO - Não tem nada ver uma coisa com a outra.
DIABA - Ah, tá...

A DIABA SAI E VAI NOVAMENTE ATÉ O BANHEIRO.

DIABO - A nossa natureza é diferente!
DIABA - (Em off) Agora a culpa é da natureza, sei!
DIABO - É isso mesmo!

A DIABA VOLTA COM ALGUMAS PEÇAS DE ROUPAS ÍNTIMAS E COLOCA NA MALA.

DIABA - Vocês precisam entender uma coisa de uma vez por todas. A gente não traí, a gente se apaixona. E foi isso que aconteceu. Eu me apaixonei
DIABO - Que apaixonou o quê! Você caiu na lábia de um espertalhão, isso sim!
DIABA - Que nem eu caí na sua?
DIABO - È diferente!.
DIABA - Ah, diferente? Claro!
DIABO - Lá vem você misturando as coisas!
DIABA - Mas, pode tirar seu cavalinho da chuva, viu? Porque ele é lindo, fala com a alma, tem poesia no olhar... só de pensar fico toda arrepiada...
DIABO - Que isso?
DIABA - É amor! É amor! Agora me dá licença que preciso terminar isso que daqui a pouco ele está chegando aí pra me pegar
DIABO - Que cara de pau! Vou amassar o focinho do descarado.

TOCA A CAMPANHIA.

DIABA - Olha aí, deve ser ele! Deixa eu corre com a mala. Vai atender pra mim, vai!
DIABO - Não entendi!
DIABA - Ai que cínico você é, viu?

A DIABA FECHA A MALA, A DEIXA AO LADO DA CAMA E VAI ATENDER A PORTA.

DIABO - Fique você sabendo que isso não vai ficar assim!

A DIABA VOLTA LENDO UMA CARTA EM VOZ ALTA.

DIABA - ... Minha diabinha preferida, você foi á pessoa mais linda que eu conheci até hoje em toda a minha vida! Te ter do meu lado foi algo muito especial. Mas, quero que você entenda uma coisa: Não é nada contra você! É que sabe como é que é a língua deste povo, já tava todo mundo fazendo fofoca da gente, então, achei melhor dar um tempo, pois a minha reputação ainda muito abalada desde aquele episódio do paraíso... com carinho... Adão!

O DIABO SE JOGA NA CAMA E CAI NA GARGALHADA.

DIABO - Mulher é boba mesmo! Cai na conversa de qualquer Zé Mane!
DIABA - Aí que ódio!
DIABO - Agora vai, esquece essa bobagem! Vai lá dentro, pega uma cerva bem gelada que depois do jogo a gente dá uma chinelada.
DIABA - Não acredito! Homem é tudo igual, nem o diabo escapa!

A DIABA SAI ENFURECIDA.

sábado, 7 de junho de 2008

Dramaturgo, um injustiçado!

Sei que já falei sobre dramaturgia, sobre direitos autorais e muitos outros assuntos relacionados ao texto de teatro, por diversas vezes e de várias maneiras diferentes, mas hoje vou falar do dramaturgo, porque se há alguém injustiçado no meio do teatro, esse alguém é o dramaturgo e não tenho nenhuma dúvida sobre isso.

E nem vou gastar aqui, linhas e linhas falando da dificuldade que é escrever um texto, nem tão pouco me queixar das noites em claro atrás da história perfeita. Não vou nem falar do esforço da transpiração sobre a imaginação quando a história emperra. Isso tudo não tem importância, pois qual a importância do dramaturgo para o teatro? Quase nenhuma.

Afinal de contas, quem se interessa pelos textos de um tal William Shakespeare, ou de um tal Sófocles, de um outro grego de nome Eurípides, ou até mesmo de um certo americano chamado Tenesse Williams, ou ainda de um outro mais próximo de nome Plínio Marcos? Quase ninguém, não é mesmo?

Dramaturgos são realmente pessoas de pouca importância e que não merecem nenhuma consideração quando se pensa em montar um espetáculo. O teatro sobrevive sem eles, pois há outras formas de se expressar o teatro sem necessariamente precisar de um bom texto, não é certo?

Tenho a impressão que dramaturgo é apenas um idiota que perde seu precioso tempo escrevendo histórias que mais tardes serão apropriadas por alguns espertalhões, que em nome da cultura, o tomarão para si, ou simplesmente tratarão de ignorar o autor, o excluindo de qualquer vínculo que possa ter com o texto a ser montado.

Dramaturgo... ainda não sei como e porque acabei me enfiando nisso! Até procuro outras formas de escrever, como a narrativa, os roteiros, as poesias, até as letras de canções, mas escrever para teatro é maior do que eu. Quando penso em escrever uma história, por mais que no final a escreva em outro formato, ela me vem primeiro na forma de carpintaria teatral. E mesmo com toda injustiça, eu ainda insisto.

Espero que um dia esse quadro mude, mas enquanto isso vou seguindo em frente. E mesmo sabendo que volta e meia serei passado para trás e que outras tantas vezes serei ignorado como autor quando de uma montagem teatral, estou certo que continuarei a trilhar esse caminho, pois a dramaturgia está e estará em mim.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

QUEM PRECISA DE ANJO DA GUARDA?

EM UMA RUA, UM HOMEM SE PROTEGE EM MEIO A UMA TROCA DE TIROS.

HOMEM – Agora a gente não tem mais sossego! Quando não é assalto é troca de tiro. Ainda dizem que existe anjo da guarda! Eu tenho certeza que não tenho nenhum!

UM ANJO SE PÕE AO LADO DO HOMEM.

HOMEM – Que isso amigo, fugiu de alguma procissão? Ou é fantasia de alguma escola de samba?
ANJO - Eu sou um anjo!
HOMEM – Ah, tá! Prazer, eu sou um ET!
ANJO – Ou melhor, sou o seu anjo da guarda!
HOMEM – Ah, meu anjo da guarda... Então como você me explica eu estar enfiado no meio deste tiroteio?
ANJO – A cidade tá cada vez mais violenta, não é mesmo? Mas, não se preocupa que estou aqui justamente para te livrar desta.

HOMEM TENTA SAIR DO ESCONDERIJO E O ANJO LHE PUXA DE VOLTA.

ANJO – Onde você pensa que vai? Tá maluco!
HOMEM – Vou embora! Você não disse que ia me tirar desta? Então, se eu ficar aqui, vou acabar perdendo o meu emprego. E aí, não vai ter anjo que dê jeito!
ANJO – Mas, não é bem assim...
HOMEM – Tô vendo que você não é meu anjo, coisa nenhuma!
ANJO – Claro que sou!
HOMEM – Taí, então me prova!
ANJO – Se lembra quando você era criança, subiu no pé de carambola e desabou de lá de cima e não sofreu nenhum arranhão?
HOMEM – Claro que lembro! Caí em cima de um colchão que estava embaixo da árvore!
ANJO – E você acha que foi quem, que colocou o colchão embaixo da árvore? Ou você já viu árvore com colchão em volta?

O HOMEM FICA PENSATIVO.

ANJO – E então?
HOMEM – Agora eu te pego!
ANJO – Manda!
HOMEM – E aquele dia que furou o pneu do meu carro e eu cai na ribanceira me arrebentando todo? Onde você estava?
ANJO - Quem você acha que te tirou de dentro do carro antes que ele pegasse fogo?
HOMEM – Sei lá, eu estava desacordado!
ANJO – Pois é meu amigo, você me dá um trabalho e tanto, sabia?
HOMEM – Não sei, não! Se anjo da guarda existisse mesmo, eu não vivia levando susto por aí!
ANJO – Eu que o diga!
HOMEM – E quer saber de uma coisa: Eu não preciso de anjo da guarda nenhum!
ANJO – Como não?
HOMEM – Se minha vida ainda fosse uma maravilha...
ANJO – Mas, podia ser pior!

UM TIRO ACERTA UM VASO NA JANELA QUE CAÍ AO LADO DO HOMEM. O ANJO SE ESCONDE.

HOMEM – Olha aí, um vaso quase cai na minha cabeça e você se esconde!
ANJO – Ufa! Essa foi por pouco!
HOMEM – Eu que o diga!
ANJO – Já não agüento mais viver numa cidade tão violenta! Você não pensa em mudar daqui?
HOMEM – Mudar? Escuta aqui, seu anjo! Se você é mesmo o meu anjo da guarda, está demitido! Quem precisa de um anjo como você?
ANJO – Mas, você não pode me demitir!
HOMEM – Claro que posso!.. E é melhor você sumir daqui, antes que eu faça alguma besteira!
ANJO – Tem certeza?
HOMEM – Tenho!
ANJO – Olha que depois não vou poder fazer nada pra te ajudar!
HOMEM – Eu não precisa da sua ajuda!
ANJO - Então, tá bem! Depois, não diga que não avisei!
HOMEM – Vai, some!
ANJO – Boa sorte, meu ex-protegido!

O ANJO SAI NO MEIO DO TIROTEIO.

HOMEM – Anjo da guarda! Era só o que me faltava!

UM TIRO ACERTO O OUTRO VASO EM CIMA DA JANELA QUE CAI EM CHEIO NA CABEÇA DO HOMEM, QUE DESABA MORTO NO CHÃO. O TIREOTEIO CESSA. O ANJO SE REAPROXIMA

ANJO – Quem precisa de anjo da guarda, não é mesmo?

sábado, 31 de maio de 2008

No fim de tudo, ainda resta o aplauso

Ah, o artista… De que é feito esse ser que sacrifica sua vida para levar a arte ao seu semelhante? Por certo deve ser feito de algum material ainda desconhecido. Pois, como pode alguém suportar tantas adversidades e estar sempre pronto para mostrar sua alma?

Ah, o artista… Um ser quase extraterreno vivendo à margem da realidade de uma sociedade, mas, que sempre que solicitado a expor suas emoções e servir de instrumento para mostrar as alegrias e mazelas do ser humano, não se furta e o faz com plena dedicação.

O que fascina tanto nesse mundo das artes e faz com que nunca se esgote a fonte de onde jorra sempre um novo artista? É algo incompreensível, imensurável, indecifrável, não existe uma explicação lógica, mesmo sabendo que muitos desses novos artistas que nascem a cada dia, querem apenas seus cinco minutos de fama e jamais serão capazes de entregar suas vidas à arte.

Ah, o artista… Sobre o palco é visto como um “semi Deus”, na vida comum, quase sempre é criticado por fazer do ócio seu companheiro, algo muito distante da realidade do cidadão comum que precisa bater cartão, e que quase nunca tem tempo para esse ócio. Mas, o que o cidadão comum sabe do ócio do artista? Um artista não vive no ócio, pois esse ócio nada mais é do que o tempo sagrado da criação artística.

Mesmo que na correria do dia a dia o artista não seja levado assim tão a sério, uma hora ou outra da vida do cidadão comum, ele se fará necessário. Seja quando esse cidadão for assistir a uma peça de teatro, ou apreciar uma obra de arte, ou dispor de seu tempo para a leitura de um bom livro, ou até mesmo quando se permitir rir sem compromisso da ingenuidade proposital de um palhaço.

Ah, o artista… Não interessa o que pensem ou falem do artista, ele sempre estará ali nos arredores do ser humano disposto a colorir a vida cinzenta em tempos difíceis, sem pedir recompensas ou gratificações, pois o artista sabe que no final de tudo, sempre restará um aplauso caloroso que justificará todo o sacrifício pelo qual teve e tem de passar cada minuto de sua vida.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

NOTÍCIAS

ANTOLOGIA do Concurso de Poesia FESB/Scortecci 2007

Sarau Lítero-Musical de Lançamento da Antologia do Concurso de Poesia FESB/Scortecci 2007, organizado por Marco Antonio Queiroz Silva.
- Peça teatral "A Farsa do Rei Fanfarrão" de Paulo Sacaldassy (com Tatiana Coca, Caio de Godoy, Belchior de Almeida e Marilia Maira - curso de Letras da FESB).
- Jogos Florais (poemas e trovas) com poetas da UBT União Brasileira de Trovadores e da ASES Associação dos Escritores de Bragança Paulista.
- Nestor Lampros e Marco Aqueiva (poesia).
- Ademir Paulo da Silva, Carlos Pires (e família), Tiago Cruz e Marcelo B Cunha (música).
Data: 06 de junho de 2008sexta-feira, a partir das 19h30
Local: Núcleo de Apoio ao Professor e ao Aluno - NAPA
Endereço: Rua São Bento s/n - Vila Aparecida - Bragança Paulista - SP
*Haverá o sorteio de livros de poesia aos presentes na ocasião.
Serviço:
Antologia do Concurso de Poesia FESB/Scortecci 2007
Marco Antonio Queiroz Silva (Org.)
Scortecci Editora
Poesia
ISBN 978-85-366-1151-8
Formato 14 x 21 - 32 págs.
1ª edição - 2008

segunda-feira, 26 de maio de 2008

QUEM É O LADRÃO?

EM UMA RUA, UM HOMEM DE TERNO E GRAVATA ESPERA O SINAL FECHAR PARA ATRAVESSÁ-LA. FALA AO CELULAR.

HOMEM – Já estou indo pra casa... (OLHA O RELÓGIO) Uns quinze minutos e já estou ai... Até mais!

MAL DESLIGA O CELULAR E É SURPREENDIDO POR UM LADRÃO COM ARMA EM PUNHO.

LADRÃO – Perdeu! Perdeu!... Passa tudo, passa!
HOMEM – Calma! Calma!
LADRÃO – Anda, que o dia não foi nada fácil!
HOMEM – Pode guardar sua arma, sou vou pegar a carteira no bolso.
LADRÃO – Passa o celular, o relógio... vai passa tudo.

O HOMEM TIRA O RELÓGIO, O CELULAR E A CARTEIRA E ENTREGA PARA O LADRÃO.

LADRÃO – Agora vai! Se olhar pra trás, leva chumbo!
HOMEM – Mas, seu ladrão! Só que antes precisamos efetuar uns procedimentos!
LADRÃO – Que procedimento? Ta me tirando, Mané?

O HOMEM TIRA DO BOLSO DO TERNO UM CRACHÁ.

HOMEM – Fiscal do Imposto de Renda! Precisamos calcular os impostos desse seu assalto!
LADRÃO – O quê?
HOMEM – Os impostos! Você não é um trabalhador autônomo, então? Temos que descontar o Imposto de Renda na Fonte sobre o dinheiro da Carteira, o IPI da Fabricação do Celular e do Relógio, mais o Imposto de Importação se houver algum produto importado dentro dessa sua mochila... Sem contar a arma. O senhor tem Nota Fiscal desta arma?
LADRÃO – Imposto?... Nota Fiscal?... Pirou? É um assalto!
HOMEM – Desculpe, meu amigo! Se sua profissão é assaltar, a minha é essa, fiscalizar!
LADRÃO – Mas, ladrão não paga imposto!
HOMEM – Por isso que tem tanta desigualdade social!
LADRÃO – Não tô acreditando!
HOMEM – Então vamos lá!... Por acaso o Senhor não teria uma calculadora entre esses seus objetos?

O LADRÃO ATORDOADO COM A SITUAÇÃO, PROCURA A CALCULADORA ENTRE OS OBJETOS QUE TEM NA MOCHILA.

LADRÃO – Calculadora não tenho! Não serve essa lousa mágica?
HOMEM – Acho que dá!

O HOMEM PEGA A LOUSA DA MÃO DO LADRÃO.

HOMEM – Recapitulando: Somando o dinheiro que tinha na carteira, mais o celular, o relógio e esses seus produtos sobressalentes, podemos calcular o seguinte: 15% de Imposto de Renda, mais 20% de Contribuição Previdenciária, mais 11% de Contribuição Previdenciária sobre o trabalho autônomo, soma mais 10% do IPI, mais 10% do Imposto de Importação, Multa de 75% sobre mercadoria sem Nota Fiscal...

O LADRÃO OLHA O HOMEM SEM ACREDITAR.

HOMEM – Ah, tem também 5% do ISS pelo serviço autônomo e mais Multa de 150% sobre eses produtos contrabandiados que estão na mochila. Pronto! Isso tudo dá R$ 15.458,25.
LADRÃO – Quanto?
HOMEM – Vou emitir a intimação!
LADRÃO – Intimação?
HOMEM – Se o senhor pagar à vista, tem desconto de 40%, ou se quiser, pode parcelar em 60 vezes, mas a parcela é corrigida pelo juros da SELIC.
LADRÃO – Mas eu não tenho esse dinheiro todo!
HOMEM – Desculpe, meu amigo, é a minha função!

O HOMEM PEGA TODOS OS OBJETOS QUE ESTÃO EM PODER DO LADRÃO.

HOMEM – Isso vai ficar confiscado! Quando o senhor pagar o débito, compareça na repartição levando quatro vias do documento de arrecadação, que liberaremos as mercadorias. Entendido?
LADRÃO – Mas, isso é um assalto!

O HOMEM ATRAVESSA A RUA. ENQUANTO O LADRÃO GRITA DESESPERADO.

LADRÃO – Pega ladrão! Pega ladrão!

sábado, 24 de maio de 2008

A Cultura é para todos

Tal qual a educação e a saúde que devem ser prioridades a qualquer governante, a cultura precisa e deve ser colocada no mesmo patamar. Alguns governantes até têm essa visão e procuram levar à população um pouco de conhecimento cultural, subsidiando espetáculos, ou até mesmo contribuindo para pequenas produções locais.

Outras cidades têm adotado a criação de um evento, que em muitos lugares leva o nome de virada cultural. Esse evento tenta aproximar ao máximo o artista da população, dando acesso sem distinção a todo tipo de manifestação cultural existente. Ele acontece durante vinte quatro horas de único dia, com apresenta-ções que ocorrem em cada ponto da cidade.

Muito embora a arte ainda seja tratada por muitos como simples entretenimento, á medida que a população vai tendo acesso a essas manifestações culturais, vai percebendo o quanto á cultura é fundamental no seu dia a dia.

Apenas uma coisa me incomoda nessa cruzada que tem por finalidade levar e dar acesso á cultura para população, é o fato de que algumas fundações culturais e até mesmo secretarias de cultura de várias cidades, preocupam-se somente com o espetáculo que querem oferecer à sua população, esquecendo de alguns detalhes que podem parecer para eles, sem importância.

No afã de contemplar a população com apresentações de teatro, por exemplo, muitos dos responsáveis não exigem dos grupos que vão se apresentar, a autorização do autor, que acaba muitas vezes sendo surpreendido com notícias dando conta que seu texto foi apresentado no dia tal em tal cidade. Eu mesmo sou vítima disso volta e meia.

Não se trata aqui de estar exigindo os meus direitos autorais, mesmo que eles me sejam legítimos, trata-se apenas de mostrar a necessidade que há de se fazer uma comunicação ao autor. Pois onde está escrito que o autor não disponibilizará seu texto e exigirá os seus direitos autorais? Por que achar que o autor não contribuirá com esse projeto liberando o seu texto?

A cultura deve e precisa ser levada a todos e todos que estão envolvidos com a cultura são sabedores de suas funções dentro desse processo, então, além de se levar cultura a população, que se respeite o artista, que luta com sacrifício para levar a sua arte onde quer que ela seja solicitada.

A arte é difícil para todo o artista e a sua valorização e o seu reconhecimento, são partes do combustível que impulsiona a cultura, por isso, é importante que cada governante ao realizar manifestações culturais em suas cidades, se preocupe com todo e qualquer detalhe, até mesmo esse, o de comunicar ao autor de que seu texto servirá de instrumento para o entretenimento e o engrandecimento de uma população.

terça-feira, 20 de maio de 2008

NOTÍCIAS

Galo, galinho, galão é sucesso em São Gonçalo
15/5/2008 - 15:11

“Sucesso e boa receptividade”. Assim a Diretora do Centro Cultural, Mirian Blonski resumiu a apresentação da peça Galo, galinho, galão. Agora já tenho esporão.
A obra infantil que aborda de forma cômica temas como sucessão familiar, respeito, honestidade e adolescência, reuniu no último sábado, 10, cerca de 200 pessoas no Centro Cultural.
A peça de autoria de Paulo Sacaldassy, direção de Mirtes Rogrigues dos Santos e figurino da artesã Cleide Aparecida dos Santos Veigas, deve se reapresentar em breve no Centro Cultural.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

EM BUSCA DA GALINHA DOS OVOS DE OURO

MATERNIDADE. PAI ANDA PELO CORREDOR EM FRENTE AO CENTRO CIRÚRGICO.

PAI – Como é duro esperar! Devia ter tido coragem de acompanhar o parto de perto! Não, melhor não! Já pensou todo aquele sangue jorrando? Não tenho estômago pra isso! O pior é que não aparece ninguém para dar notícias.

UMA ENFERMEIRA SAI DO CENTRO CIRÚRGICO

PAI – Você pode me dizer se meu filho já nasceu?
ENFERMERIA – Como é nome de sua esposa?
PAI – Cibele!
ENFERMEIRA – O parto já está começando. É o primeiro filho, não é?
PAI – É sim!
ENFERMEIRA – Logo vi, pela agonia!
PAI – Sabe o que é? É que não vejo a hora do meu filho nascer. Um meninão forte, bom de bola. Ele vai ser um craque de bola. Já tenho até um pré contrato assinado com o Flamengo.
ENFERMEIRA – Apareceu no ultrassom que era menino?
PAI – Que ultrassom o quê! Nem quis ver o ultrassom, tenho certeza que meu craque já, já vai dar as caras. Porque, do jeito que esse menino chutava a mãe, só pode vir aí um novo Pelé!

OUVI-SE UM GRITO DE NENÉM.

PAI – É meu filho!... Meu filho! O craque de bola que vai resolver todos os meus problemas!
ENFERMEIRA – Deixa eu ver se é seu filho mesmo!
PAI – Vai, mas volta logo dando notícias do meu campeão!

A ENFERMEIRA ENTRA NO CENTRO CIRÚRGICO.

PAI – Finalmente chegou o dia. Taí, meu menino chegou, agora não demora muito pra gente começar a faturar. Já estou vendo, “Juninho, o mais novo craque da seleção!”

A ENFERMEIRA RETORNA. TEM UM RISO IRÔNICO NO ROSTO.

PAI – E Então?
ENFERMEIRA – Bem, papai, a notícia não é das melhores!
PAI – Aconteceu alguma coisa?
ENFERMEIRA – Aconteceu! Mas, não é nada grave!
PAI – O que foi, então?
ENFERMEIRA – Bem, seu filho é uma linda menina! Parabéns, papai!
PAI – Puta que o pariu!

O PAI DESABA NO BANCO.

ENFERMEIRA – Agora deixa eu voltar lá pra buscar a sua menininha!

A ENFERMEIRA ENTRA NO CENTRO CIRÚRGICO. O PAI PUXA O CELULAR DO BOLSO E FAZ UMA LIGAÇÃO.

PAI – Alô!... Agência de Modelos?... É que acaba de nascer a nova Giselle Bunchen!... Isso... linda!, linda!, linda! Precisamos fazer logo o book da menina e lançá-la o mais rápido possível no mundo da moda!...
O PAI SAI EM DIREÇÃO AOS QUARTOS DA MATERNIDADE.

sábado, 17 de maio de 2008

O teatro nosso de cada dia

É impressionante o poder que o teatro tem de se renovar e de ser renovado. Sempre há uma nova possibilidade de interpretação, um novo olhar sobre uma cena, uma nova concepção de espetáculo. Sempre há alguém que se inicia na arte, alguém que experimenta o teatro pela primeira vez, ou alguém que sempre se renova e por conseguinte, renova o teatro.

Não há como negar que quando se conhece o teatro, acaba-se sempre de alguma maneira, tendo sua vida influenciada por ele, ou seja pelo fascínio que ele trás, ou pela oportunidade que ele dá para que cada um trabalhe suas emoções. O teatro, mesmo não tendo a popularidade do cinema ou da televisão, tem o dom do encantamento.

Esse nosso teatro de cada dia, que vive a margem das grandes mídias, que não tem glamour, que quase nunca recebe apoios, ainda tem fôlego para conquistar cada vez mais pessoas, que querem do teatro apenas o que ele realmente pode dar, a chance de se nascer e morrer a cada apresentação.

Todo dia tem alguém conhecendo o teatro e sendo contaminado pelo vírus da interpretação. São crianças, jovens, adultos e até mesmo pessoas da terceira idade, que ao serem apresentados ao teatro, mudam as suas vidas e fazem dele, um motivo para serem um pouco mais felizes, mesmo que por alguns instantes.

Mesmo que alguém diga para você que teatro não leva a nada, que teatro é uma perda de tempo, que a vida é muito corrida para se perder horas de seu dia com fantasias e brincadeiras de faz de conta, siga o seu caminho firme, pois tolos são os que acham que o teatro é algo sem importância.

O teatro para quem o conhece de perto, de lado, por dentro é muito mais do que as pessoas acham que seja, por isso, se você está envolvido com esse nosso teatro de cada dia, usufrua a essência que ele tem, sem segundas intenções. Faça um teatro de corpo e alma, sem pensar em recompensas, sem pensar em aplausos, faça apenas para ser feliz.
Bem-vindo seja sempre os que encontram o teatro pelo caminho e fazem dele um companheiro para vida inteira, mesmo apesar de tantas dificuldades. Bem-vindo seja sempre, você que está chegando ao teatro pela primeira vez e se apaixona a primeira vista.Bem-vindo seja sempre, todos que fazem do teatro sua razão de viver. Bem-vindo seja sempre esse teatro nosso de cada dia.

sábado, 10 de maio de 2008

A sensibilidade da arte

Diferente da lógica que é inerente a racionalidade do ser humano e que o faz enveredar pelos caminhos atribulados da vida, a arte é feita de emoção, e como tal, não obedece, uma seqüência matemática que estabeleça e garanta que aquilo que o artista faça, terá sucesso ou não. Por mais que se faça uso de clichês.

A arte transcende a tudo que é palpável, ela é feita do imponderável que nasce da sensibilidade do ser humano, que a usa para transbordar suas emoções e se fazer expressar, através das alegrias e das dores de sua alma.

Não pode haver no mundo da arte, quem não sinta a necessidade e a importância de se deixar levar pelas emoções, pois arte é um rio por onde correm as emoções que vão desaguar no mundo racional e que disfarçam as dificuldades da vida cotidiana.

Todo artista por si só é um agente transformador e quando esse artista é capaz de colocar para fora toda a sua sensibilidade, não há dúvidas, ele conseguirá o sucesso, seja no palco, na literatura, na dança, na música, ou em quaisquer outras formas de arte. A sensibilidade é a chave de tudo.

Quando se pensa em ser artista, deve-se pensar e analisar a fundo, o quanto se é capaz de se desnudar em sensibilidade até o ponto de causar a transformação na vida de quem o assiste, mesmo que seja apenas naquele momento em que sua arte é executada.

Um artista não pode pensar pura e simplesmente na fama que almeja, a fama deve funcionar como um estímulo, pois todo artista que se preza busca o sucesso e o reconhecimento e por conseguinte a tão almejada fama. Mas, não se deve en-trar na arte apenas com esse propósito, arte é emoção e emoção é coisa da alma e nada tem a ver com a racionalidade de atitudes meramente passageiras.

É óbvio que a racionalidade do ser humano se faz necessária em um momento ou em outro de nossas vidas, mas, o que faz a arte comover as pessoas é justamente o dom que o artista tem de expor a sua sensibilidade, desnudar sua alma, por para fora todas as suas entranhas e se fazer de espelho de seu semelhante.

Antes de querer ser um artista apenas na intenção de se tornar uma pessoa famosa, veja dentro de si o quanto é capaz de expor a sua sensibilidade, pois a arte só fará sentido em sua vida, se ela for capaz de lhe transformar primeiro, para depois lhe tornar um agente transformador.

Toda a arte por si só necessita da sensibilidade de seu artista e é essa sensibilidade que será capaz de transmitir o que se quer de verdade.

sábado, 3 de maio de 2008

A primeira vez

Como explicar esse momento mágico? A primeira vez sobre um palco é sempre inesquecível. Mas, tudo o que envolve esse momento, transcende qualquer lucidez da razão. Na noite anterior da apresentação, a barriga já dói, a ansiedade toma o lugar do sono, o medo de esquecer o texto já apavora, e um rolar na cama é o movimento mais cons-tante.

Eis então que chega o grande dia, as olheiras denunciam a noite mal dormida e a ansiedade se faz companheira, mesmo com todos os exercícios na tentativa de reverter, ela parece incontrolável. E quanto mais se aproxima a tão desejada ho-ra, mais o nervoso se faz presente.

Ufa! Já no camarim, maquiagem pronta, figurino vestido, o texto passado e repassado várias vezes, a respiração um pouco mais controlada, demonstra uma certa dose de auto controle. Mas, o burburinho vindo da platéia aumenta a adrena-lina, as mãos suam, a barriga volta a doer, o suor corre insistentemente sobre a maquiagem retocada por várias vezes.

Primeiro sinal. Ai, meu Deus! Agora não tem como voltar atrás! Segundo sinal. Nervossísmo, suador, dor de barriga, concentração, tensão. Terceiro sinal. Merda!... Merda!... Merda!

Agora sim, em cima do palco, cortinas abertas, o texto na ponta da língua, o nervossísmo ficou nas coxias, a dor de barriga ficou para trás, não tem mais ansiedade, o suor agora verte da interpretação, a tensão agora faz parte do drama e a emoção de estar sobre o palco, dá o seu lugar às emoções da personagem.

Parecia que não chegaria, mas passou tão rápido que dá vontade de fazer e passar por tudo de novo. E acho que é por isso que quem sobe ao palco pela primeira vez, e sente esse turbilhão de sensações que nos revira por dentro, sempre quer mais e mais.

O teatro é assim, sempre vai ser como a primeira vez, e não interessa quão experiente a pessoa seja, ela sentirá sim, tudo, tudo do mesmo jeitinho, como se fosse a sua primeira vez. Por tudo isso, se hoje for a sua primeira vez, muita Merda para você!

sábado, 26 de abril de 2008

Teatro Infantil, sim senhor!

Às vezes, leio muitos comentários sobre a discriminação que sofre o teatro infantil, e ela existe sim! Mas, isso nunca me incomodou e nem me inibiu ao ponto de me fazer desistir de escrever textos para o público infantil, pois esses sempre me de-ram, e me dão muito prazer.

É claro que fico chateado com o demérito que dão aos textos infantis e ao teatro para as crianças de uma maneira geral, pois não é difícil ouvir algumas pessoas chamarem o teatro infantil de “pecinha”. Será mesmo uma “pecinha”? Tenho convicção que não!

Por mais que esse preconceito insista em rondar os palcos, sei que tem muita gente lutando para mudar esse quadro, pois muitos grupos estão dando muito mais valor à um bom texto, tendo um cuidado maior com o espetáculo como um todo, e principalmente, tratando criança como um espectador.

Já foi o tempo em que se achava que criança podia ser enganada, aliás, eu nunca acreditei nisso, sempre achei que quem se enganava de fato, era quem fazia do seu espetáculo, um arremedo de caras e bocas, acreditando estar agradado e oferecendo algo de qualidade para o público infantil.

Talvez esse pensamento tenha contribuindo um pouco para que o teatro infantil não fosse levado tão a sério, mas graças a Deus, e a quem acredita no teatro infantil como uma parte importante da arte de interpretar, as coisas estão começando a serem postas nos seus devidos lugares.

E quem acredita mesmo no teatro infantil como uma ferramenta importante e que contribui com a sua forma lúdica para o crescimento das crianças, deve encará-lo sempre de uma forma séria, pois assim, acredito que colocaremos o Teatro Infantil em um lugar de destaque.

Eu sou e sempre serei pelo Teatro Infantil, sim senhor! E torço muito para que a cada, mais grupos apostem em um Teatro Infantil mais profissional, que leve às crianças não apenas entretenimento, mas coloque em cada uma, o gosto pelo teatro e a vontade de assistir sempre que possível, um espetáculo infantil de verdade.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Meus Textos em Cartaz

EM MAIO
O CENTRO CULTURAL DE SÃO GONÇALO DO RIO ABAIXO/MG
Apresenta:
"GALO, GALINHO, GALÃO. AGORA JÁ TENHO ESPORÃO!"
TEXTO DE: Paulo Sacaldassy
10 de Maio de 2008 AS 16:00 H
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A IV Turma
do Técnico Ator do Senac- Santos
convida você para assistir
o Espetáculo de conclusão de curso:
“4 Doses de Comédia”.
Cenas com textos de autores de nossa região:

“Fulana, Sicrana e Beltrana”, de Paulo Sacaldassy
Contamos com a sua presença!
Sexta-feira, 18 de abril, às 20h30, no Espaço SENAC.
Av. Conselheiro Nébias, nº 309. Vila Mathias
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"Escuta Aqui Seu Ladrão" é a peça em cartaz neste fim de semana"

O Grupo Reflexo-ação de Ouro Fino/MG se apresentará neste fim de semana, dias 12 e 13, às 20h no Teatro Municipal. A peça em cartaz é “Escuta aqui seu ladrão! ”, uma comédia de Paulo Sacaldassy com Caio Barros, Edgar Augusto e Tati Bueno.

sábado, 19 de abril de 2008

A hora do teatro

É chegada a hora e a vez do teatro, mas de todo o teatro, não apenas de uma parte privilegiada. É a hora daquele teatro feito com sacrifício, e que acaba quase sempre sem incentivos. Do teatro sem estrelas globais, que batalha incansavelmente para colocar o seu espetáculo na rua.

É chegada a hora também, de um novo modelo de incentivo, que contemple todo o segmento do teatro, pois é sabido, que a Lei Rouanet, acaba no final, beneficiando apenas, os artistas de grande mídia, pois os empresários, aproveitam-se disso, para atrelar as suas marcas, ao artista de sucesso.

Não me parece justo também que somente os projetos do eixo Rio-São Paulo realizados com artistas consagrados, no fim, acabem levando a melhor por suas próprias condições. O artista que está no Sul, no Norte, no Nordeste, ou ainda no Centro-Oeste, deve, e merece ter as mesmas chances de arrecadarem incentivos.

A maioria dos artistas envolvida com o teatro, hoje tem essa consciência, que é preciso buscar um mecanismo mais justo, e que contemple todo aquele artista ou grupo, que se pré-disponha a realizar o seu espetáculo, seja lá de onde quer que ele seja.

Como escrevi em um outro artigo, ainda acho que a indústria da cultura será a grande geradora de empregos deste país, e creio que talvez o início deste proces-so, passe pela reformulação dos modelos de incentivos fiscais. Talvez nem seja necessário uma outra lei para isso, acho que nem seja mesmo, apenas encontrar algum instrumento legal que proteja toda a classe teatral, e preserve a igualdade entre todos.

É certo e sabido que artistas de grande mídia, sempre levarão vantagem sobre os outros, pois famosos levam e levarão vantagem por si só. Mas, a culpa não é deles, e eles nem estão errados em buscar aquilo que a lei lhes oferece, então, onde está o problema? Acho que é fácil de se enxergar.

Fica aqui esse artigo, como mais um manifesto de apoio à classe artística teatral, que tem buscado um novo modelo de incentivo fiscal, onde cada grupo ou artista de teatro, possa reunir condições reais para levar à sua arte à todos que não têm a oportunidade de assisti-la.

sábado, 12 de abril de 2008

Escrever dá uma preguiça...

Dois amigos que dividiam o mesmo sonho tornarem-se roteiristas, dramaturgos, ou quem sabe, novelistas de sucesso, encontram-se após algum tempo, e um virou-se para o outro e disse:

- E aí, escrevendo muito?
- Caramba, tive uma idéia incrível para escrever uma história! Você não acredita! Quando eu escrever, vai ser o maior sucesso!
- E ainda não escreveu por quê?
- É que eu ando meio sem inspiração!

Pronto, chegamos ao ponto! Quem acredita que só vai conseguir escrever quando bater a inspiração, deve repensar o sonho de se tornar escritor, pois, com certeza, isso não passará de um sonho.

Escrever, como qualquer outra atividade artística, demanda uma equação simples: cinco por cento de inspiração e noventa e cinco por cento de transpiração. Escrever é um exercício que se aprende escrevendo, e não existe outro jeito para se tornar escritor, por mais que se tenha criatividade e idéias em abundância.

Contar uma história pode até parecer uma coisa simples, mas quando chega o momento de colocá-la no papel é que se descobre que a tarefa não é assim tão simples como antes se pensava.

Há de se ter muita disposição para se dedicar a arte de escrever. É necessário aprender a escrever, mesmo quando não se tem nenhuma inspiração, e acima de tudo, ter disciplina e praticá-la continuamente. Se esse é o segredo, não sei, mas, aquele que consegue escrever uma ou duas horas por dia, todos os dias, terá mais habilidade e estará mais condicionado, do que aquele que escreve oito, dez, ou doze horas em um único dia.

Ás vezes, se tem muitas idéias, mas não se tem o dom para escrever. O gostar das letras, não é pré-disposição para ninguém se tornar um escritor, por isso, não há porque ficar triste se não conseguir, afinal de contas, o que seria dos escritores, se não houvessem os leitores?

Uma coisa importante para quem pensa viver das letras é que não se deve esperar grandes remunerações, nem uma popularidade imediata, pois, escrever não traz notoriedade, nem tão pouco é capaz de dar a independência financeira logo no primeiro trabalho. Escrever, acima de tudo é cativar o outro através de suas palavras, e isso demanda um certo tempo, e uma boa dose de insistência.

Então, aquele que assim mesmo quer isso para sua vida, deve deixar a preguiça de lado, e começar escrever uma folha por dia, a seguir, escrever duas folhas, depois, escrever três, e quando menos esperar, terá colocado a sua história no papel.

E lembre-se de uma coisa, o exercício de transpiração lhe ajudará a completar a sua inspiração.

sábado, 5 de abril de 2008

Nem tudo está perdido

Parece que depois de muitos protestos, mesmo quee velados, alguém se mostrou realmente preocupado em preservar a profissão de ator, pelo menos é o que vejo na intenção do Sindicato dos Atores do Rio de Janeiro, que resolveu negar a autorização para participação em programas de TV, de pessoas que se lançam ao estrelato através dos "BBBs" da vida.

Já não era sem tempo que fosse tomada uma atitude desta, pois não é possível, que pessoas que passam anos e anos estudando, se aprimorando para exercer a sua profissão com dignidade, tenham suas chances podadas por pessoas que estão preocupadas apenas em aparecer na mídia.

Nada contra essas pessoas que se submetem a programas do tipo “reality show”, pois cada um faz da sua vida o que bem quer, se elas optam em sujeitar-se à exibição em programas desse tipo, o problema é exclusivamente delas, mas, o que realmente é inaceitável é que essas pessoas, após colocarem-se numa vitrine expondo seus dotes naturais, se acharem capazes o bastante para atuarem com atores e atrizes.

Espero que essa atitude tomada pelo Sindicato do Rio de Janeiro seja seguida pelos sindicatos de outras regiões, pois já estava mais do que na hora de se ter preservado, o direito de quem escolheu ser ator, que busca incansavelmente, o aprimoramento da profissão, na esperança de conseguir um dia, a oportunidade de mostrar o seu talento.

Tal atitude também vem contribuir para desestimular outras pessoas, que para realizarem o sonho de serem artistas, desejam participar de programas do tipo “reality show”, para aparecerem na televisão, e assim, se acharem no direito de fazer parte de uma novela, em detrimento de quem tem de fato e de direito a incumbência de participar.

Está mais do que na hora de colocar essas pessoas nos seus devidos lugares. Se a pessoa quer apenas aparecer na mídia, ficar famosa e sujeitar-se a tudo o que essa aparição possa lhe render, que seja assim. Mas, que essas pessoas, não tenham o desplante de posarem como atores, e acharem que podem exercer as suas funções.

Muito bem-vinda tal resolução do Sindicato, e que ela possa ser comemorada e repassada para toda à classe artística, a fim de manter viva a esperança da respeitabilidade para com a profissão de ator, que jamais pode ser comparada como algo simplista, que qualquer pessoa aparecida, seja capaz de realizar.

sábado, 29 de março de 2008

O ator e seu personagem

Uma boa interpretação agrada muita gente, principalmente quando o ator tem a medida certa do que pede o personagem, sem estereótipos, sem exageros dra-máticos, deixando claro, o quanto emprestou de seu corpo e de suas emoções para compor e dar vida a uma outra pessoa.

O pessoal que está começando na arte, e anseia loucamente aparecer na televisão, precisa ter a consciência, de que o trabalho de um ator, vai muito além do que ter diálogos decorados e falados de maneira correta e no tempo certo, precisa-se conhecer o personagem, talvez mais do que a si mesmo.

Pode ser que o grande problema de quem está começando e até de muitos que estão na arte há algum tempo, seja justamente este, o não conhecimento do personagem o qual interpreta, fazendo com que sua atuação pareça sempre artificial, deixando a leve impressão de algo falso.

Quantos espetáculos com bons textos não cativam o público por conta de uma má interpretação? E quantos espetáculos com personagens comuns, acabam cativan-do o público por conta do trabalho do autor, que por conhecer o seu personagem, o faz uma pessoa importante, ao ponto dele merecer que sua história seja contada?

Muitos dizem que na televisão não é possível que o ator possa compor um personagem com todas as suas nuanças, pode ser que nas novelas isso não ocorra, mas nas minisséries, isso é muito possível, tanto que na minissérie “Queridos Amigos”, alguns atores mostraram o quanto são talentosos.

E por quê? Porque com certeza, eles estudaram os seus personagens, e os conhecem como se fossem os próprios, e quando então entram em cena, dão-nos a impressão, que interpretar é algo tão simples como andar para frente.

Para o ator é fundamental conhecer o seu personagem, às vezes mais do que a si próprio, pois só assim ele poderá mostrar ao público, o quanto é talentoso e competente na sua arte de interpretar. E é bom lembrar que uma boa história se faz com bons personagens, e só podemos contar essa história se conhecermos de fato os personagens que a viverão.

sábado, 22 de março de 2008

Sucesso X Fama

O que é mais importante para um artista? O sucesso, ou a fama? É uma dúvida que assombra a maioria das pessoas, principalmente as que iniciam na arte, seja ela qual for, teatro, cinema, música, dança, etc. Um grande amigo meu, deu-me uma definição de sucesso que acabei achando perfeita: “Sucesso é ser bem sucedido naquilo que nos propomos fazer”. Ele tem razão! Isso é a mais pura verdade!

Muita gente que pensa fazer arte hoje em dia, e procura principalmente o teatro, chega com a intenção de poder estar o mais rápido possível, fazendo parte da novela adolescente da televisão, e assim, se tornarem a celebridade instantânea do momento. Será que estas pessoas buscam o sucesso, ou querem somente a fama?

A fama e a notoriedade a qual muitas pessoas são guindadas da noite pro dia, só demonstram que o conceito está invertido, pois faz as pessoas acreditarem que o mais importante é a fama, que ela sim dará o sucesso almejado. Mas, o que faz essas pessoas serem famosas, ganharem popularidade, se quase sempre elas não têm nada para mostrar, além de bíceps e silicones?

É triste ver pessoas submeterem-se ao ridículo de se exporem em programas do tipo "reality shows", afim de obterem apenas seus quinze minutos de fama, e depois? Depois, sempre acabam fazendo qualquer tipo de coisa para continuarem na mídia, pois não existe nenhum trabalho consistente que justifique tal exposição.

Muitos passam uma vida inteira longe dessa fama efêmera e passageira, mas, são extremamente bem sucedido naquilo que se propuseram. Quantos escritores são bem sucedidos, premiados, consagrados, renomados e não têm um por cento da fama dessas celebridades instantâneas? De certo, você já ouviu falar em alguns deles. Você acha que eles não têm sucesso?

Existe uma diferença enorme no conceito de fama e sucesso que se tem hoje em dia, e muito disso, se deve à televisão, que pinta o artista como um semi-deus, que vive uma vida de rei e rainha, regada a festas e badalações, onde o mais importante é o vestido do estilista famoso, ou o novo par de silicone, ou ainda, o romance com fulano de tal, e daí?

É muito duro alcançar o sucesso, não é uma tarefa simples, mas quem o quer, deve buscá-lo dia-a-dia, incansavelmente, sempre focado no objetivo de realizar aquilo que se propôs a fazer, e pelo qual espera conseguir agradar o maior número de pessoas, para assim então, receber o reconhecimento e conquistar a fama.

Não vale a pena perder tempo correndo atrás de quinze minutos de fama, pois eles chegam, e vão embora do mesmo jeito. Um trabalho continuo e com um objetivo, pode até demorar para alcançar o seu reconhecimento e conseguir sucesso, mas com certeza, obterá muito mais do quinze minutos de fama.

sábado, 15 de março de 2008

O exercício da dramaturgia

Hoje em dia, existem várias pessoas ávidas por se tornarem autores de novelas, tal é o número de comunidades que são encontradas nos sites de relacionamentos. E fazem sinopses, escrevem capítulos, escalam elencos, diretores, escolhem temas de abertura, as trilhas, mas, será que a grande maioria realmente conhece a estrutura dramática? Pelo que vejo, penso que não!

O que dá a impressão é que essas pessoas querem apenas entrar para televisão, como se a dramaturgia televisiva fosse a excelência. Ora, todos sabemos que a dramaturgia televisiva, principalmente a das novelas, é descartável, e muitas vezes não respeita criação de personagens, verossimilhança de fato, etc e tal, e preocupa-se mais com a luta pela audiência do que com outra coisa.

O trabalho de dramaturgia, não é uma coisa fácil, mesmo na simplicidade de se contar uma simples história com dois ou três personagens. É cansativo, minucioso, e por muitas vezes precisa ser refeito, mesmo quando a história lhe parece perfeita. Imagine esse trabalho numa obra complexa como uma novela, por exemplo? Precisa-se ter o perfeito domínio da estrutura dramática para não naufragar no meio do caminho.

Talvez o caminho mais fácil para esse pessoal fosse o teatro, mas como teatro não dá fama, muitos não querem perder tempo escrevendo “histórinhas”. Tolos, pois, através da carpintaria do teatro é que se tem a condição de aprender a ter o domínio da estrutura dramática que servirá de base para sustentar dramaturgias maiores como novelas.

E olha, isso não é uma opinião única e exclusivamente minha, todos os autores consagrados que escrevem novelas atualmente, são desta mesma opinião. Teatro e cinema, são os caminhos mais seguros para se chegar a televisão, tentar encurtar o caminho indo direto à televisão é entrar num caminho quase sempre suicida, e muitos que pensam assim, ficam e ficarão pelo meio do caminho.

Agora eu pergunto: Qual a diferença em escrever uma peça de teatro, ou um roteiro de curta-metragem, e uma sinopse para novela? Para os novatos, a resposta é uma só: A peça de teatro e o roteiro tem a possibilidade de ser montada e filmado, já a sinopse... fatalmente envelhecerá no fundo da gaveta.

Então, mesmo que o objetivo final seja esse, se tornar um autor de novela, perca um pouco de seu tempo exercitando a dramaturgia através de uma peça de teatro, ou de um roteiro de curta-metragem, com certeza, sua dramaturgia ficará mais consistente, e por conseguinte, suas sinopses serão muito mais elaboradas, o que resultará é uma história bem contada.

O exercício da dramaturgia é algo que tem que ser constante, e realizado até a exaustão, o que implica em escrever várias vezes a mesma história, e ao final perceber, que se faz necessário reescrevê-la novamente. Só assim a gente fortalece nossa dramaturgia e reuni condições para encarar o desafio de escrever uma novela.

sexta-feira, 14 de março de 2008

APENAS UMA POESIA

MESMO QUE O SOL NÃO VENHA,
E QUE VOCÊ NÃO TENHA
O QUE EXALTAR.
MESMO QUE A CHUVA CAIA,
E QUE VOCÊ NÃO SAIA
E NEM TENHA COM QUEM FALAR.
MESMO QUE FALTE A INSPIRAÇÃO,
QUE LHE FALTE UM ALGO MAIS,
QUE NÃO HAJA NENHUMA EMOÇÃO,
QUE VOCÊ NÃO SEJA CAPAZ
DE SER FELIZ!
MESMO QUE A DOR TE DOA,
MAIS QUE VOCÊ POSSA SUPORTAR
QUE VOCÊ NÃO TENHA A PESSOA
PARA PODER AMAR
COMO VOCÊ SEMPRE QUIS.
FECHE OS SEUS OLHOS
E DEIXE A POESIA ENTRAR.

sábado, 8 de março de 2008

Uma difícil escolha

Tenho percebido que muitos jovens têm demonstrado interesse em fazer teatro. Talvez muitos apenas estejam influenciados com a glamourização que a televisão dá à profissão do ator, e sinto que muitos acabam vivendo um grande dilema: fazer um curso livre de teatro, ou um curso profissionalizante?

Acontece, que na esteira dessa avalanche de interessados, muitos aproveitadores criam cursos, oficinas, e tudo quanto é curso ligado as artes cênicas, apenas para obterem vantagens financeiras, pois, muitos se quer possuem os conhecimentos e técnicas necessários para ministrarem um curso que forme alguém.

É difícil a escolha entre um curso livre ou um curso profissionalizante, isso passa muito pelo que você quer para o seu futuro. Se você quer mesmo viver o teatro é bom que faça um bom curso profissionalizante (existem muitos pelo país), pois precisará do registro no DRT, que é o registro profissional que permite o exercício da profissão, mas, se você apenas quiser levar o teatro como um hobby, também existem muitos cursos livres de teatro de muito bom nível.

O importante é que você se informe com pessoas que freqüentam os cursos, para não caír em arapucas, que estão armadas à cada esquina, prontas para pegar o primeiro desavisado que passar pela frente.

Seja um curso livre, ou um profissionalizante, o importante mesmo é que você queira realmente inserir o teatro na sua vida, pois nunca é demais lembrar que fazer teatro, não é não simples como talvez possa aparecer, por isso, escolha com critério, até mesmo para não perder dinheiro e tempo, com algo que você não quer de verdade.

Pense o teatro como algo que venha de sua alma, não como um veículo que lhe levará à fama, acho que, se começar por aí, a escolha ficará menos difícil, pois curso livre ou profissionalizante, vai ser apenas uma questão de escolha, de como você quer usar o seu talento e sua vocação.

E, não tenha pressa para isso, vá com calma, pois não existe a hora certa para o nascimento de um ator, ou atriz, muitos nascem após anos de exercícios, empenho, sacrifícios, e muitos, e muitos cursos, livres e profissionalizantes.

sábado, 1 de março de 2008

A indústria do futuro - parte 2

Como disse na semana passada, a cultura tem tudo para ser a maior geradora de empregos do país, mesmo que alguns digam que não. Só para ratificar o que foi dito, estamos a beira da maior festa popular do Brasil, onde é possível se notar, o quanto a cultura pode ser um pólo gerador de empregos.

Só levando em conta as Escolas de Samba do Rio de Janeiro, o número de pessoas que são empregadas para dar vida ao teatro andante é significativo, e dá bem a idéia do que pode ser feito com os outros segmentos da cultura.

Por quê é possível se ter uma indústria do carnaval, e não se pode ter uma indústria do teatro, por exemplo? Muitos vão falar que não é bem assim, que muitas Escolas de Samba são subsidiadas por contraventores penais. Tudo bem! Então, podemos citar o carnaval da Bahia, onde os trios elétricos também são grandes geradores de empregos a serviço da cultura popular.

É claro que existe uma linha muito tênue sobre um aspecto, o de ser profissional sem perder a arte, mas acho que uma coisa pode muito bem andar lado a lado com a outra se que ambas se prejudiquem em suas finalidades.

Acredito até que se a arte for tratada com mais profissionalismo, tudo tornar-se-ia mais produtivo e talvez não víssemos tantos espetáculos de qualidade duvidosa e tanta gente sem um mínimo de preparo se colocando como artista em cima de um palco.

Talvez, um dos motivos que façam o teatro não ser tão popular assim, e haja uma certa resistência quanto a divulgação, seja justamente essa falta de profissionalismo, pois, na maioria das vezes, a paixão pela arte acaba influenciando e contribuindo para que se façam montagens que acabam por desprestigiar o teatro como uma arte rentável do seu ponto de vista de negócio cultural.

Não quero aqui, desqualificar e nem tão pouco menosprezar aqueles que fazem teatro amadorísticamente, sem maiores pretensões quanto à negócios ou quaisquer outras aspirações, apenas demonstrar que o teatro pode ser visto sob outro ponto de vista, e que deve se fortalecer como um produto, pois tem de estar preparado para integrar a essa grande indústria da cultura, que ao meu ver, em um futuro não muito distante, se tornará a maior geradora de empregos do país.
Se é possível fazer com que outros segmentos da cultura tenham pólos geradores de empregos, como o cinema e o carnaval, por exemplo, por que não se pode fazer isso com o teatro?

domingo, 24 de fevereiro de 2008

CARTA ABERTA À CLASSE ARTÍSTICA

Nós, Autores Teatrais e Roteiristas, em face à lacuna de divulgação dos interesses comuns a toda a Classe Artística, vimos no intuito de esclarecer à população da Lei Federal nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que altera, atualiza e consolida a legislação dos direitos autorais e dá outras providências.

Ressaltamos a importância da divulgação e cumprimento desta Lei para todas as partes interessadas no assunto que se ampara no Direito do Autor e todas os desdobramentos, haja visto que nesta área, também, existe a interdependência entre diversos personagens, pois não há como excluir qualquer uma das partes. Não há como acontecer um espetáculo sem texto, sem iluminador, sem diretor, sem atores, sem dramaturgos. Todos são importantes e insubstituíveis.

Ter o seu nome em um trabalho montado, receber os honorários pela produção de um texto, dar a autorização para a estruturação de um espetáculo é se notar valorizado, assim como receber os aplausos do público, público este que vai a um teatro para assistir uma peça.

O cumprimento da lei dará aqueles de direito o pleno reconhecimento de seu trabalho e fortalecimento da Classe Artística.

Outro ponto que precisamos é do apoio das Autoridades Instituídas, às quais devem ser sensibilizadas quanto ao cumprimento da Lei e, muitas vezes não procedem de forma legal por desconhecimento, então, através das Secretarias de Culturas e órgão especializados na esfera municipal, estadual, distrital ou federal, dar-se-á ciência a todas citadas Autoridades.

Participe desta caminhada. Leia, divulgue e cumpra a lei. Todos ganharão.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

A indústria do futuro

Por certo, alguns quando lerem esse artigo não concordarão comigo, outros, até me chamarão de “sem juízo”, ou sei lá mais o quê, mas tenho aqui comigo, a impressão de que a cultura será a grande indústria do futuro, e a maior geradora de empregos do país, pois é evidente o crescimento da indústria do entretenimento, e a cultura é sem dúvidas, a principal vertente deste segmento.

Pode não parecer, ou às vezes até passar despercebido por muitos, mas a realização de uma obra cultural envolve um número enorme de pessoas, e quando isso passar a ser enxergado de uma forma mais profissional, todos sairão ganhando, e a cultura alcançará, com certeza, o status de uma grande indústria.

Vejam só o exemplo de uma simples peça teatral: Quantas pessoas são envolvidas para a realização do espetáculo? Autor, diretor, ator, atriz, iluminador, cenógrafo, músico, figurinista, produtor, divulgador, isso falando apenas na principal cadeia produtiva. Imaginem isso numa grande escala e feito de uma forma mais profissional.

A cultura do país ainda é tratada com casca e tudo, e os poucos incentivos que são dados, servem apenas para mascarar a situação de como a cultura é tratada no país, e tem o simples propósito de cumprir um dever que todo governo tem, que é o de fomentar a cultura de seu povo.

Mas, muito mais que fomentar a cultura com algumas migalhas, o governo deveria enxergar a cultura, como uma industria, tal qual ela é. E é lógico que a culpa não é só do governo, todos nós que estamos de uma forma ou de outra ligados a cultura, precisamos também, pensá-la como indústria, e aprender a gerir esse negócio.

Todos os segmentos da economia têm as suas dificuldades, não é diferente com a cultura, e não cabe aqui, ficar só atirando pedras no governo, seja ele qual for. É hora de olhar para o segmento da cultura, com olhos de empresários, e acabar com aquela máxima de que o artista é um sonhador, e tem que viver à margem da sociedade por não tem recursos.

A cultura tem a força, e é um segmento que pode e tem todas as condições de se transformar, como já disse antes, no maior pólo gerador de emprego, e já que o governo ainda não se apercebeu disso, o próprio segmento pode mostrar a sua força econômica e construir um novo modelo de cultura.

É claro que não é fácil, e é preciso de um mínimo de infra-estrutura para formatar um modelo rentável de negócio, mas se pensarmos nossos projetos muito mais além de que uma obra cultural, e dermos a eles um tratamento comercial, podemos dar início a um processo de mudança no conceito de encarar a cultura.

Com o advento da internet, e de toda a tecnologia que nos cerca, não cabe mais, pelo menos no meu ponto de vista, a velha visão amadora e o mesmo pensamento pequeno de que a cultura não sobrevive sem apoio. Hoje, muitos que fazem cultura, já dão seus primeiros passos em busca da profissionalização de sua arte, indo ao encontro de soluções que possam viabilizar os seus projetos, e acho que esses, estão a um passo a frente.

Então, antes de simplesmente renegarem o meu artigo, ou sei lá o quê, pensem seriamente no assunto, pois a cultura não tem que permanecer como refém de uma política de migalhas, é preciso ir contra a corrente, e mostrar a real força da cultura, que pode vir a ser, e tenho certeza que será, a maior geradora de empregos do país, porque acima de tudo, a cultura vende o melhor produto do mundo, o conforto para a alma!