sábado, 29 de março de 2008

O ator e seu personagem

Uma boa interpretação agrada muita gente, principalmente quando o ator tem a medida certa do que pede o personagem, sem estereótipos, sem exageros dra-máticos, deixando claro, o quanto emprestou de seu corpo e de suas emoções para compor e dar vida a uma outra pessoa.

O pessoal que está começando na arte, e anseia loucamente aparecer na televisão, precisa ter a consciência, de que o trabalho de um ator, vai muito além do que ter diálogos decorados e falados de maneira correta e no tempo certo, precisa-se conhecer o personagem, talvez mais do que a si mesmo.

Pode ser que o grande problema de quem está começando e até de muitos que estão na arte há algum tempo, seja justamente este, o não conhecimento do personagem o qual interpreta, fazendo com que sua atuação pareça sempre artificial, deixando a leve impressão de algo falso.

Quantos espetáculos com bons textos não cativam o público por conta de uma má interpretação? E quantos espetáculos com personagens comuns, acabam cativan-do o público por conta do trabalho do autor, que por conhecer o seu personagem, o faz uma pessoa importante, ao ponto dele merecer que sua história seja contada?

Muitos dizem que na televisão não é possível que o ator possa compor um personagem com todas as suas nuanças, pode ser que nas novelas isso não ocorra, mas nas minisséries, isso é muito possível, tanto que na minissérie “Queridos Amigos”, alguns atores mostraram o quanto são talentosos.

E por quê? Porque com certeza, eles estudaram os seus personagens, e os conhecem como se fossem os próprios, e quando então entram em cena, dão-nos a impressão, que interpretar é algo tão simples como andar para frente.

Para o ator é fundamental conhecer o seu personagem, às vezes mais do que a si próprio, pois só assim ele poderá mostrar ao público, o quanto é talentoso e competente na sua arte de interpretar. E é bom lembrar que uma boa história se faz com bons personagens, e só podemos contar essa história se conhecermos de fato os personagens que a viverão.

sábado, 22 de março de 2008

Sucesso X Fama

O que é mais importante para um artista? O sucesso, ou a fama? É uma dúvida que assombra a maioria das pessoas, principalmente as que iniciam na arte, seja ela qual for, teatro, cinema, música, dança, etc. Um grande amigo meu, deu-me uma definição de sucesso que acabei achando perfeita: “Sucesso é ser bem sucedido naquilo que nos propomos fazer”. Ele tem razão! Isso é a mais pura verdade!

Muita gente que pensa fazer arte hoje em dia, e procura principalmente o teatro, chega com a intenção de poder estar o mais rápido possível, fazendo parte da novela adolescente da televisão, e assim, se tornarem a celebridade instantânea do momento. Será que estas pessoas buscam o sucesso, ou querem somente a fama?

A fama e a notoriedade a qual muitas pessoas são guindadas da noite pro dia, só demonstram que o conceito está invertido, pois faz as pessoas acreditarem que o mais importante é a fama, que ela sim dará o sucesso almejado. Mas, o que faz essas pessoas serem famosas, ganharem popularidade, se quase sempre elas não têm nada para mostrar, além de bíceps e silicones?

É triste ver pessoas submeterem-se ao ridículo de se exporem em programas do tipo "reality shows", afim de obterem apenas seus quinze minutos de fama, e depois? Depois, sempre acabam fazendo qualquer tipo de coisa para continuarem na mídia, pois não existe nenhum trabalho consistente que justifique tal exposição.

Muitos passam uma vida inteira longe dessa fama efêmera e passageira, mas, são extremamente bem sucedido naquilo que se propuseram. Quantos escritores são bem sucedidos, premiados, consagrados, renomados e não têm um por cento da fama dessas celebridades instantâneas? De certo, você já ouviu falar em alguns deles. Você acha que eles não têm sucesso?

Existe uma diferença enorme no conceito de fama e sucesso que se tem hoje em dia, e muito disso, se deve à televisão, que pinta o artista como um semi-deus, que vive uma vida de rei e rainha, regada a festas e badalações, onde o mais importante é o vestido do estilista famoso, ou o novo par de silicone, ou ainda, o romance com fulano de tal, e daí?

É muito duro alcançar o sucesso, não é uma tarefa simples, mas quem o quer, deve buscá-lo dia-a-dia, incansavelmente, sempre focado no objetivo de realizar aquilo que se propôs a fazer, e pelo qual espera conseguir agradar o maior número de pessoas, para assim então, receber o reconhecimento e conquistar a fama.

Não vale a pena perder tempo correndo atrás de quinze minutos de fama, pois eles chegam, e vão embora do mesmo jeito. Um trabalho continuo e com um objetivo, pode até demorar para alcançar o seu reconhecimento e conseguir sucesso, mas com certeza, obterá muito mais do quinze minutos de fama.

sábado, 15 de março de 2008

O exercício da dramaturgia

Hoje em dia, existem várias pessoas ávidas por se tornarem autores de novelas, tal é o número de comunidades que são encontradas nos sites de relacionamentos. E fazem sinopses, escrevem capítulos, escalam elencos, diretores, escolhem temas de abertura, as trilhas, mas, será que a grande maioria realmente conhece a estrutura dramática? Pelo que vejo, penso que não!

O que dá a impressão é que essas pessoas querem apenas entrar para televisão, como se a dramaturgia televisiva fosse a excelência. Ora, todos sabemos que a dramaturgia televisiva, principalmente a das novelas, é descartável, e muitas vezes não respeita criação de personagens, verossimilhança de fato, etc e tal, e preocupa-se mais com a luta pela audiência do que com outra coisa.

O trabalho de dramaturgia, não é uma coisa fácil, mesmo na simplicidade de se contar uma simples história com dois ou três personagens. É cansativo, minucioso, e por muitas vezes precisa ser refeito, mesmo quando a história lhe parece perfeita. Imagine esse trabalho numa obra complexa como uma novela, por exemplo? Precisa-se ter o perfeito domínio da estrutura dramática para não naufragar no meio do caminho.

Talvez o caminho mais fácil para esse pessoal fosse o teatro, mas como teatro não dá fama, muitos não querem perder tempo escrevendo “histórinhas”. Tolos, pois, através da carpintaria do teatro é que se tem a condição de aprender a ter o domínio da estrutura dramática que servirá de base para sustentar dramaturgias maiores como novelas.

E olha, isso não é uma opinião única e exclusivamente minha, todos os autores consagrados que escrevem novelas atualmente, são desta mesma opinião. Teatro e cinema, são os caminhos mais seguros para se chegar a televisão, tentar encurtar o caminho indo direto à televisão é entrar num caminho quase sempre suicida, e muitos que pensam assim, ficam e ficarão pelo meio do caminho.

Agora eu pergunto: Qual a diferença em escrever uma peça de teatro, ou um roteiro de curta-metragem, e uma sinopse para novela? Para os novatos, a resposta é uma só: A peça de teatro e o roteiro tem a possibilidade de ser montada e filmado, já a sinopse... fatalmente envelhecerá no fundo da gaveta.

Então, mesmo que o objetivo final seja esse, se tornar um autor de novela, perca um pouco de seu tempo exercitando a dramaturgia através de uma peça de teatro, ou de um roteiro de curta-metragem, com certeza, sua dramaturgia ficará mais consistente, e por conseguinte, suas sinopses serão muito mais elaboradas, o que resultará é uma história bem contada.

O exercício da dramaturgia é algo que tem que ser constante, e realizado até a exaustão, o que implica em escrever várias vezes a mesma história, e ao final perceber, que se faz necessário reescrevê-la novamente. Só assim a gente fortalece nossa dramaturgia e reuni condições para encarar o desafio de escrever uma novela.

sexta-feira, 14 de março de 2008

APENAS UMA POESIA

MESMO QUE O SOL NÃO VENHA,
E QUE VOCÊ NÃO TENHA
O QUE EXALTAR.
MESMO QUE A CHUVA CAIA,
E QUE VOCÊ NÃO SAIA
E NEM TENHA COM QUEM FALAR.
MESMO QUE FALTE A INSPIRAÇÃO,
QUE LHE FALTE UM ALGO MAIS,
QUE NÃO HAJA NENHUMA EMOÇÃO,
QUE VOCÊ NÃO SEJA CAPAZ
DE SER FELIZ!
MESMO QUE A DOR TE DOA,
MAIS QUE VOCÊ POSSA SUPORTAR
QUE VOCÊ NÃO TENHA A PESSOA
PARA PODER AMAR
COMO VOCÊ SEMPRE QUIS.
FECHE OS SEUS OLHOS
E DEIXE A POESIA ENTRAR.

sábado, 8 de março de 2008

Uma difícil escolha

Tenho percebido que muitos jovens têm demonstrado interesse em fazer teatro. Talvez muitos apenas estejam influenciados com a glamourização que a televisão dá à profissão do ator, e sinto que muitos acabam vivendo um grande dilema: fazer um curso livre de teatro, ou um curso profissionalizante?

Acontece, que na esteira dessa avalanche de interessados, muitos aproveitadores criam cursos, oficinas, e tudo quanto é curso ligado as artes cênicas, apenas para obterem vantagens financeiras, pois, muitos se quer possuem os conhecimentos e técnicas necessários para ministrarem um curso que forme alguém.

É difícil a escolha entre um curso livre ou um curso profissionalizante, isso passa muito pelo que você quer para o seu futuro. Se você quer mesmo viver o teatro é bom que faça um bom curso profissionalizante (existem muitos pelo país), pois precisará do registro no DRT, que é o registro profissional que permite o exercício da profissão, mas, se você apenas quiser levar o teatro como um hobby, também existem muitos cursos livres de teatro de muito bom nível.

O importante é que você se informe com pessoas que freqüentam os cursos, para não caír em arapucas, que estão armadas à cada esquina, prontas para pegar o primeiro desavisado que passar pela frente.

Seja um curso livre, ou um profissionalizante, o importante mesmo é que você queira realmente inserir o teatro na sua vida, pois nunca é demais lembrar que fazer teatro, não é não simples como talvez possa aparecer, por isso, escolha com critério, até mesmo para não perder dinheiro e tempo, com algo que você não quer de verdade.

Pense o teatro como algo que venha de sua alma, não como um veículo que lhe levará à fama, acho que, se começar por aí, a escolha ficará menos difícil, pois curso livre ou profissionalizante, vai ser apenas uma questão de escolha, de como você quer usar o seu talento e sua vocação.

E, não tenha pressa para isso, vá com calma, pois não existe a hora certa para o nascimento de um ator, ou atriz, muitos nascem após anos de exercícios, empenho, sacrifícios, e muitos, e muitos cursos, livres e profissionalizantes.

sábado, 1 de março de 2008

A indústria do futuro - parte 2

Como disse na semana passada, a cultura tem tudo para ser a maior geradora de empregos do país, mesmo que alguns digam que não. Só para ratificar o que foi dito, estamos a beira da maior festa popular do Brasil, onde é possível se notar, o quanto a cultura pode ser um pólo gerador de empregos.

Só levando em conta as Escolas de Samba do Rio de Janeiro, o número de pessoas que são empregadas para dar vida ao teatro andante é significativo, e dá bem a idéia do que pode ser feito com os outros segmentos da cultura.

Por quê é possível se ter uma indústria do carnaval, e não se pode ter uma indústria do teatro, por exemplo? Muitos vão falar que não é bem assim, que muitas Escolas de Samba são subsidiadas por contraventores penais. Tudo bem! Então, podemos citar o carnaval da Bahia, onde os trios elétricos também são grandes geradores de empregos a serviço da cultura popular.

É claro que existe uma linha muito tênue sobre um aspecto, o de ser profissional sem perder a arte, mas acho que uma coisa pode muito bem andar lado a lado com a outra se que ambas se prejudiquem em suas finalidades.

Acredito até que se a arte for tratada com mais profissionalismo, tudo tornar-se-ia mais produtivo e talvez não víssemos tantos espetáculos de qualidade duvidosa e tanta gente sem um mínimo de preparo se colocando como artista em cima de um palco.

Talvez, um dos motivos que façam o teatro não ser tão popular assim, e haja uma certa resistência quanto a divulgação, seja justamente essa falta de profissionalismo, pois, na maioria das vezes, a paixão pela arte acaba influenciando e contribuindo para que se façam montagens que acabam por desprestigiar o teatro como uma arte rentável do seu ponto de vista de negócio cultural.

Não quero aqui, desqualificar e nem tão pouco menosprezar aqueles que fazem teatro amadorísticamente, sem maiores pretensões quanto à negócios ou quaisquer outras aspirações, apenas demonstrar que o teatro pode ser visto sob outro ponto de vista, e que deve se fortalecer como um produto, pois tem de estar preparado para integrar a essa grande indústria da cultura, que ao meu ver, em um futuro não muito distante, se tornará a maior geradora de empregos do país.
Se é possível fazer com que outros segmentos da cultura tenham pólos geradores de empregos, como o cinema e o carnaval, por exemplo, por que não se pode fazer isso com o teatro?