sábado, 31 de maio de 2008

No fim de tudo, ainda resta o aplauso

Ah, o artista… De que é feito esse ser que sacrifica sua vida para levar a arte ao seu semelhante? Por certo deve ser feito de algum material ainda desconhecido. Pois, como pode alguém suportar tantas adversidades e estar sempre pronto para mostrar sua alma?

Ah, o artista… Um ser quase extraterreno vivendo à margem da realidade de uma sociedade, mas, que sempre que solicitado a expor suas emoções e servir de instrumento para mostrar as alegrias e mazelas do ser humano, não se furta e o faz com plena dedicação.

O que fascina tanto nesse mundo das artes e faz com que nunca se esgote a fonte de onde jorra sempre um novo artista? É algo incompreensível, imensurável, indecifrável, não existe uma explicação lógica, mesmo sabendo que muitos desses novos artistas que nascem a cada dia, querem apenas seus cinco minutos de fama e jamais serão capazes de entregar suas vidas à arte.

Ah, o artista… Sobre o palco é visto como um “semi Deus”, na vida comum, quase sempre é criticado por fazer do ócio seu companheiro, algo muito distante da realidade do cidadão comum que precisa bater cartão, e que quase nunca tem tempo para esse ócio. Mas, o que o cidadão comum sabe do ócio do artista? Um artista não vive no ócio, pois esse ócio nada mais é do que o tempo sagrado da criação artística.

Mesmo que na correria do dia a dia o artista não seja levado assim tão a sério, uma hora ou outra da vida do cidadão comum, ele se fará necessário. Seja quando esse cidadão for assistir a uma peça de teatro, ou apreciar uma obra de arte, ou dispor de seu tempo para a leitura de um bom livro, ou até mesmo quando se permitir rir sem compromisso da ingenuidade proposital de um palhaço.

Ah, o artista… Não interessa o que pensem ou falem do artista, ele sempre estará ali nos arredores do ser humano disposto a colorir a vida cinzenta em tempos difíceis, sem pedir recompensas ou gratificações, pois o artista sabe que no final de tudo, sempre restará um aplauso caloroso que justificará todo o sacrifício pelo qual teve e tem de passar cada minuto de sua vida.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

NOTÍCIAS

ANTOLOGIA do Concurso de Poesia FESB/Scortecci 2007

Sarau Lítero-Musical de Lançamento da Antologia do Concurso de Poesia FESB/Scortecci 2007, organizado por Marco Antonio Queiroz Silva.
- Peça teatral "A Farsa do Rei Fanfarrão" de Paulo Sacaldassy (com Tatiana Coca, Caio de Godoy, Belchior de Almeida e Marilia Maira - curso de Letras da FESB).
- Jogos Florais (poemas e trovas) com poetas da UBT União Brasileira de Trovadores e da ASES Associação dos Escritores de Bragança Paulista.
- Nestor Lampros e Marco Aqueiva (poesia).
- Ademir Paulo da Silva, Carlos Pires (e família), Tiago Cruz e Marcelo B Cunha (música).
Data: 06 de junho de 2008sexta-feira, a partir das 19h30
Local: Núcleo de Apoio ao Professor e ao Aluno - NAPA
Endereço: Rua São Bento s/n - Vila Aparecida - Bragança Paulista - SP
*Haverá o sorteio de livros de poesia aos presentes na ocasião.
Serviço:
Antologia do Concurso de Poesia FESB/Scortecci 2007
Marco Antonio Queiroz Silva (Org.)
Scortecci Editora
Poesia
ISBN 978-85-366-1151-8
Formato 14 x 21 - 32 págs.
1ª edição - 2008

segunda-feira, 26 de maio de 2008

QUEM É O LADRÃO?

EM UMA RUA, UM HOMEM DE TERNO E GRAVATA ESPERA O SINAL FECHAR PARA ATRAVESSÁ-LA. FALA AO CELULAR.

HOMEM – Já estou indo pra casa... (OLHA O RELÓGIO) Uns quinze minutos e já estou ai... Até mais!

MAL DESLIGA O CELULAR E É SURPREENDIDO POR UM LADRÃO COM ARMA EM PUNHO.

LADRÃO – Perdeu! Perdeu!... Passa tudo, passa!
HOMEM – Calma! Calma!
LADRÃO – Anda, que o dia não foi nada fácil!
HOMEM – Pode guardar sua arma, sou vou pegar a carteira no bolso.
LADRÃO – Passa o celular, o relógio... vai passa tudo.

O HOMEM TIRA O RELÓGIO, O CELULAR E A CARTEIRA E ENTREGA PARA O LADRÃO.

LADRÃO – Agora vai! Se olhar pra trás, leva chumbo!
HOMEM – Mas, seu ladrão! Só que antes precisamos efetuar uns procedimentos!
LADRÃO – Que procedimento? Ta me tirando, Mané?

O HOMEM TIRA DO BOLSO DO TERNO UM CRACHÁ.

HOMEM – Fiscal do Imposto de Renda! Precisamos calcular os impostos desse seu assalto!
LADRÃO – O quê?
HOMEM – Os impostos! Você não é um trabalhador autônomo, então? Temos que descontar o Imposto de Renda na Fonte sobre o dinheiro da Carteira, o IPI da Fabricação do Celular e do Relógio, mais o Imposto de Importação se houver algum produto importado dentro dessa sua mochila... Sem contar a arma. O senhor tem Nota Fiscal desta arma?
LADRÃO – Imposto?... Nota Fiscal?... Pirou? É um assalto!
HOMEM – Desculpe, meu amigo! Se sua profissão é assaltar, a minha é essa, fiscalizar!
LADRÃO – Mas, ladrão não paga imposto!
HOMEM – Por isso que tem tanta desigualdade social!
LADRÃO – Não tô acreditando!
HOMEM – Então vamos lá!... Por acaso o Senhor não teria uma calculadora entre esses seus objetos?

O LADRÃO ATORDOADO COM A SITUAÇÃO, PROCURA A CALCULADORA ENTRE OS OBJETOS QUE TEM NA MOCHILA.

LADRÃO – Calculadora não tenho! Não serve essa lousa mágica?
HOMEM – Acho que dá!

O HOMEM PEGA A LOUSA DA MÃO DO LADRÃO.

HOMEM – Recapitulando: Somando o dinheiro que tinha na carteira, mais o celular, o relógio e esses seus produtos sobressalentes, podemos calcular o seguinte: 15% de Imposto de Renda, mais 20% de Contribuição Previdenciária, mais 11% de Contribuição Previdenciária sobre o trabalho autônomo, soma mais 10% do IPI, mais 10% do Imposto de Importação, Multa de 75% sobre mercadoria sem Nota Fiscal...

O LADRÃO OLHA O HOMEM SEM ACREDITAR.

HOMEM – Ah, tem também 5% do ISS pelo serviço autônomo e mais Multa de 150% sobre eses produtos contrabandiados que estão na mochila. Pronto! Isso tudo dá R$ 15.458,25.
LADRÃO – Quanto?
HOMEM – Vou emitir a intimação!
LADRÃO – Intimação?
HOMEM – Se o senhor pagar à vista, tem desconto de 40%, ou se quiser, pode parcelar em 60 vezes, mas a parcela é corrigida pelo juros da SELIC.
LADRÃO – Mas eu não tenho esse dinheiro todo!
HOMEM – Desculpe, meu amigo, é a minha função!

O HOMEM PEGA TODOS OS OBJETOS QUE ESTÃO EM PODER DO LADRÃO.

HOMEM – Isso vai ficar confiscado! Quando o senhor pagar o débito, compareça na repartição levando quatro vias do documento de arrecadação, que liberaremos as mercadorias. Entendido?
LADRÃO – Mas, isso é um assalto!

O HOMEM ATRAVESSA A RUA. ENQUANTO O LADRÃO GRITA DESESPERADO.

LADRÃO – Pega ladrão! Pega ladrão!

sábado, 24 de maio de 2008

A Cultura é para todos

Tal qual a educação e a saúde que devem ser prioridades a qualquer governante, a cultura precisa e deve ser colocada no mesmo patamar. Alguns governantes até têm essa visão e procuram levar à população um pouco de conhecimento cultural, subsidiando espetáculos, ou até mesmo contribuindo para pequenas produções locais.

Outras cidades têm adotado a criação de um evento, que em muitos lugares leva o nome de virada cultural. Esse evento tenta aproximar ao máximo o artista da população, dando acesso sem distinção a todo tipo de manifestação cultural existente. Ele acontece durante vinte quatro horas de único dia, com apresenta-ções que ocorrem em cada ponto da cidade.

Muito embora a arte ainda seja tratada por muitos como simples entretenimento, á medida que a população vai tendo acesso a essas manifestações culturais, vai percebendo o quanto á cultura é fundamental no seu dia a dia.

Apenas uma coisa me incomoda nessa cruzada que tem por finalidade levar e dar acesso á cultura para população, é o fato de que algumas fundações culturais e até mesmo secretarias de cultura de várias cidades, preocupam-se somente com o espetáculo que querem oferecer à sua população, esquecendo de alguns detalhes que podem parecer para eles, sem importância.

No afã de contemplar a população com apresentações de teatro, por exemplo, muitos dos responsáveis não exigem dos grupos que vão se apresentar, a autorização do autor, que acaba muitas vezes sendo surpreendido com notícias dando conta que seu texto foi apresentado no dia tal em tal cidade. Eu mesmo sou vítima disso volta e meia.

Não se trata aqui de estar exigindo os meus direitos autorais, mesmo que eles me sejam legítimos, trata-se apenas de mostrar a necessidade que há de se fazer uma comunicação ao autor. Pois onde está escrito que o autor não disponibilizará seu texto e exigirá os seus direitos autorais? Por que achar que o autor não contribuirá com esse projeto liberando o seu texto?

A cultura deve e precisa ser levada a todos e todos que estão envolvidos com a cultura são sabedores de suas funções dentro desse processo, então, além de se levar cultura a população, que se respeite o artista, que luta com sacrifício para levar a sua arte onde quer que ela seja solicitada.

A arte é difícil para todo o artista e a sua valorização e o seu reconhecimento, são partes do combustível que impulsiona a cultura, por isso, é importante que cada governante ao realizar manifestações culturais em suas cidades, se preocupe com todo e qualquer detalhe, até mesmo esse, o de comunicar ao autor de que seu texto servirá de instrumento para o entretenimento e o engrandecimento de uma população.

terça-feira, 20 de maio de 2008

NOTÍCIAS

Galo, galinho, galão é sucesso em São Gonçalo
15/5/2008 - 15:11

“Sucesso e boa receptividade”. Assim a Diretora do Centro Cultural, Mirian Blonski resumiu a apresentação da peça Galo, galinho, galão. Agora já tenho esporão.
A obra infantil que aborda de forma cômica temas como sucessão familiar, respeito, honestidade e adolescência, reuniu no último sábado, 10, cerca de 200 pessoas no Centro Cultural.
A peça de autoria de Paulo Sacaldassy, direção de Mirtes Rogrigues dos Santos e figurino da artesã Cleide Aparecida dos Santos Veigas, deve se reapresentar em breve no Centro Cultural.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

EM BUSCA DA GALINHA DOS OVOS DE OURO

MATERNIDADE. PAI ANDA PELO CORREDOR EM FRENTE AO CENTRO CIRÚRGICO.

PAI – Como é duro esperar! Devia ter tido coragem de acompanhar o parto de perto! Não, melhor não! Já pensou todo aquele sangue jorrando? Não tenho estômago pra isso! O pior é que não aparece ninguém para dar notícias.

UMA ENFERMEIRA SAI DO CENTRO CIRÚRGICO

PAI – Você pode me dizer se meu filho já nasceu?
ENFERMERIA – Como é nome de sua esposa?
PAI – Cibele!
ENFERMEIRA – O parto já está começando. É o primeiro filho, não é?
PAI – É sim!
ENFERMEIRA – Logo vi, pela agonia!
PAI – Sabe o que é? É que não vejo a hora do meu filho nascer. Um meninão forte, bom de bola. Ele vai ser um craque de bola. Já tenho até um pré contrato assinado com o Flamengo.
ENFERMEIRA – Apareceu no ultrassom que era menino?
PAI – Que ultrassom o quê! Nem quis ver o ultrassom, tenho certeza que meu craque já, já vai dar as caras. Porque, do jeito que esse menino chutava a mãe, só pode vir aí um novo Pelé!

OUVI-SE UM GRITO DE NENÉM.

PAI – É meu filho!... Meu filho! O craque de bola que vai resolver todos os meus problemas!
ENFERMEIRA – Deixa eu ver se é seu filho mesmo!
PAI – Vai, mas volta logo dando notícias do meu campeão!

A ENFERMEIRA ENTRA NO CENTRO CIRÚRGICO.

PAI – Finalmente chegou o dia. Taí, meu menino chegou, agora não demora muito pra gente começar a faturar. Já estou vendo, “Juninho, o mais novo craque da seleção!”

A ENFERMEIRA RETORNA. TEM UM RISO IRÔNICO NO ROSTO.

PAI – E Então?
ENFERMEIRA – Bem, papai, a notícia não é das melhores!
PAI – Aconteceu alguma coisa?
ENFERMEIRA – Aconteceu! Mas, não é nada grave!
PAI – O que foi, então?
ENFERMEIRA – Bem, seu filho é uma linda menina! Parabéns, papai!
PAI – Puta que o pariu!

O PAI DESABA NO BANCO.

ENFERMEIRA – Agora deixa eu voltar lá pra buscar a sua menininha!

A ENFERMEIRA ENTRA NO CENTRO CIRÚRGICO. O PAI PUXA O CELULAR DO BOLSO E FAZ UMA LIGAÇÃO.

PAI – Alô!... Agência de Modelos?... É que acaba de nascer a nova Giselle Bunchen!... Isso... linda!, linda!, linda! Precisamos fazer logo o book da menina e lançá-la o mais rápido possível no mundo da moda!...
O PAI SAI EM DIREÇÃO AOS QUARTOS DA MATERNIDADE.

sábado, 17 de maio de 2008

O teatro nosso de cada dia

É impressionante o poder que o teatro tem de se renovar e de ser renovado. Sempre há uma nova possibilidade de interpretação, um novo olhar sobre uma cena, uma nova concepção de espetáculo. Sempre há alguém que se inicia na arte, alguém que experimenta o teatro pela primeira vez, ou alguém que sempre se renova e por conseguinte, renova o teatro.

Não há como negar que quando se conhece o teatro, acaba-se sempre de alguma maneira, tendo sua vida influenciada por ele, ou seja pelo fascínio que ele trás, ou pela oportunidade que ele dá para que cada um trabalhe suas emoções. O teatro, mesmo não tendo a popularidade do cinema ou da televisão, tem o dom do encantamento.

Esse nosso teatro de cada dia, que vive a margem das grandes mídias, que não tem glamour, que quase nunca recebe apoios, ainda tem fôlego para conquistar cada vez mais pessoas, que querem do teatro apenas o que ele realmente pode dar, a chance de se nascer e morrer a cada apresentação.

Todo dia tem alguém conhecendo o teatro e sendo contaminado pelo vírus da interpretação. São crianças, jovens, adultos e até mesmo pessoas da terceira idade, que ao serem apresentados ao teatro, mudam as suas vidas e fazem dele, um motivo para serem um pouco mais felizes, mesmo que por alguns instantes.

Mesmo que alguém diga para você que teatro não leva a nada, que teatro é uma perda de tempo, que a vida é muito corrida para se perder horas de seu dia com fantasias e brincadeiras de faz de conta, siga o seu caminho firme, pois tolos são os que acham que o teatro é algo sem importância.

O teatro para quem o conhece de perto, de lado, por dentro é muito mais do que as pessoas acham que seja, por isso, se você está envolvido com esse nosso teatro de cada dia, usufrua a essência que ele tem, sem segundas intenções. Faça um teatro de corpo e alma, sem pensar em recompensas, sem pensar em aplausos, faça apenas para ser feliz.
Bem-vindo seja sempre os que encontram o teatro pelo caminho e fazem dele um companheiro para vida inteira, mesmo apesar de tantas dificuldades. Bem-vindo seja sempre, você que está chegando ao teatro pela primeira vez e se apaixona a primeira vista.Bem-vindo seja sempre, todos que fazem do teatro sua razão de viver. Bem-vindo seja sempre esse teatro nosso de cada dia.

sábado, 10 de maio de 2008

A sensibilidade da arte

Diferente da lógica que é inerente a racionalidade do ser humano e que o faz enveredar pelos caminhos atribulados da vida, a arte é feita de emoção, e como tal, não obedece, uma seqüência matemática que estabeleça e garanta que aquilo que o artista faça, terá sucesso ou não. Por mais que se faça uso de clichês.

A arte transcende a tudo que é palpável, ela é feita do imponderável que nasce da sensibilidade do ser humano, que a usa para transbordar suas emoções e se fazer expressar, através das alegrias e das dores de sua alma.

Não pode haver no mundo da arte, quem não sinta a necessidade e a importância de se deixar levar pelas emoções, pois arte é um rio por onde correm as emoções que vão desaguar no mundo racional e que disfarçam as dificuldades da vida cotidiana.

Todo artista por si só é um agente transformador e quando esse artista é capaz de colocar para fora toda a sua sensibilidade, não há dúvidas, ele conseguirá o sucesso, seja no palco, na literatura, na dança, na música, ou em quaisquer outras formas de arte. A sensibilidade é a chave de tudo.

Quando se pensa em ser artista, deve-se pensar e analisar a fundo, o quanto se é capaz de se desnudar em sensibilidade até o ponto de causar a transformação na vida de quem o assiste, mesmo que seja apenas naquele momento em que sua arte é executada.

Um artista não pode pensar pura e simplesmente na fama que almeja, a fama deve funcionar como um estímulo, pois todo artista que se preza busca o sucesso e o reconhecimento e por conseguinte a tão almejada fama. Mas, não se deve en-trar na arte apenas com esse propósito, arte é emoção e emoção é coisa da alma e nada tem a ver com a racionalidade de atitudes meramente passageiras.

É óbvio que a racionalidade do ser humano se faz necessária em um momento ou em outro de nossas vidas, mas, o que faz a arte comover as pessoas é justamente o dom que o artista tem de expor a sua sensibilidade, desnudar sua alma, por para fora todas as suas entranhas e se fazer de espelho de seu semelhante.

Antes de querer ser um artista apenas na intenção de se tornar uma pessoa famosa, veja dentro de si o quanto é capaz de expor a sua sensibilidade, pois a arte só fará sentido em sua vida, se ela for capaz de lhe transformar primeiro, para depois lhe tornar um agente transformador.

Toda a arte por si só necessita da sensibilidade de seu artista e é essa sensibilidade que será capaz de transmitir o que se quer de verdade.

sábado, 3 de maio de 2008

A primeira vez

Como explicar esse momento mágico? A primeira vez sobre um palco é sempre inesquecível. Mas, tudo o que envolve esse momento, transcende qualquer lucidez da razão. Na noite anterior da apresentação, a barriga já dói, a ansiedade toma o lugar do sono, o medo de esquecer o texto já apavora, e um rolar na cama é o movimento mais cons-tante.

Eis então que chega o grande dia, as olheiras denunciam a noite mal dormida e a ansiedade se faz companheira, mesmo com todos os exercícios na tentativa de reverter, ela parece incontrolável. E quanto mais se aproxima a tão desejada ho-ra, mais o nervoso se faz presente.

Ufa! Já no camarim, maquiagem pronta, figurino vestido, o texto passado e repassado várias vezes, a respiração um pouco mais controlada, demonstra uma certa dose de auto controle. Mas, o burburinho vindo da platéia aumenta a adrena-lina, as mãos suam, a barriga volta a doer, o suor corre insistentemente sobre a maquiagem retocada por várias vezes.

Primeiro sinal. Ai, meu Deus! Agora não tem como voltar atrás! Segundo sinal. Nervossísmo, suador, dor de barriga, concentração, tensão. Terceiro sinal. Merda!... Merda!... Merda!

Agora sim, em cima do palco, cortinas abertas, o texto na ponta da língua, o nervossísmo ficou nas coxias, a dor de barriga ficou para trás, não tem mais ansiedade, o suor agora verte da interpretação, a tensão agora faz parte do drama e a emoção de estar sobre o palco, dá o seu lugar às emoções da personagem.

Parecia que não chegaria, mas passou tão rápido que dá vontade de fazer e passar por tudo de novo. E acho que é por isso que quem sobe ao palco pela primeira vez, e sente esse turbilhão de sensações que nos revira por dentro, sempre quer mais e mais.

O teatro é assim, sempre vai ser como a primeira vez, e não interessa quão experiente a pessoa seja, ela sentirá sim, tudo, tudo do mesmo jeitinho, como se fosse a sua primeira vez. Por tudo isso, se hoje for a sua primeira vez, muita Merda para você!