sábado, 12 de maio de 2007

TEATRO INFANTIL É COISA SÉRIA

Quando eu era criança adorava ver desenhos, mas o que eu gostava mesmo era do Sítio do Pica Pau Amarelo, aquelas aventuras me fascinavam, pena que hoje já não tenho tempo para vê-los. Acho que veio daí meu gosto de escrever para Teatro Infantil. Esse universo feito de muita imaginação, com certeza, lá no fundo, serviu de base para minha dramaturgia voltada ao público infantil.

É certo que não sou nenhuma assumidade, não tenho nem tantos textos assim para o públi-co infantil, são seis e estou terminando o sétimo, e ainda estou procurando melhorar a quali dade da narrativa, tentando aproximá-la do que indicam os estudiosos no assunto, mas tudo é claro, sem perder a imaginação. Mas, isso é história para um outro dia. Hoje eu quero falar sobre o Teatro Infantil como espetáculo.

Em primeiro lugar, faz-se necessário separar as “pecinhas” que são apresentadas nas esco-las, que servem apenas como complemento pedagógico, sem qualquer valor artístico e não podem ser consideradas Teatro Infantil, do espetáculo de Teatro Infantil propriamente dito. Feito essa separação, podemos então entrar no assunto.

Muitos fóruns e estudos têem sido feitos para melhorar a narrativa voltada ao público in-fantil, procurando tratar a criança como espectadora de Teatro, e muitos já são os textos onde a narrativa deixou de ser baseada em lições de moral. Meio caminho andado. Mas, o que eu tenho ouvido é que o problema está na concepção do Espetáculo Infantil, que a forma de apresentação ainda padece de um mal. Então, como fazer Teatro Infantil?

Após alguns espetáculos, são vários os comentários que andei ouvindo sobre o produto final apresentado. As pessoas que assistem espetáculos infantis mostram-se sempre um pouco desconfortáveis com que vêem. Existe uma confusão muito grande de como fazer Teatro Infantil, e observando, detectei que há até uma classificação para alguns tipos de apresentações. Tem os espetáculos apresentados pelos “animadores de festas”, que estão mais interessados em entreter a criança do que fazer Teatro. Tem os espetáculos que são apresentados pelos “contadores de histórias”, que sobem ao palco e ao invés de fazer Teatro, contam, contam, contam... e só! Acho o contador de histórias, hoje em dia, essencial para a criança, mas o palco é para o Teatro. Tem também os “infantilóides”, que comportam-se de uma maneira que nem criança é capaz de se portar. E para finalizar, tem aqueles espetáculos que são baseados em muita gritaria e correria, a história é apenas um detalhe.

A mistura da imaginação, da fantasia, com a magia do espetáculo, somado a emoção de se apresentar em um palco, por certo acaba influenciando no resultado final e muitas interpre-tações são comprometidas. Pode ser que a concepção não fosse bem aquela apresentada, mas os tipos de interpretações relatados acima, de uma forma ou de outra, acabam contribuindo para um desdém maior sobre o Teatro Infantil, que fica sendo tratado sempre de forma pejorativa.

É preciso, ao preparar um espetáculo de Teatro Infantil, levar em conta que o trabalho necessita ser dobrado, a interpretação tem de ser verdadeira, não pode ser faz de conta. O Teatro Infantil é coisa muito séria vai muito mais além de uma simples apresentação para crianças. E não basta caras e bocas e musiquinhas animadas para ter um espetáculo infantil.

Talvez esteja na hora de tratar o Teatro Infantil com a mesma seriedade com que se trata o Teatro para o público adulto, com muito responsabilidade e verdade no que se faz.

Uma notícia que me chegou, dá conta que discussões a cerca de que é chegada a hora de incluir como matéria no currículo das escolas de formação de ator,a disciplina de Teatro Infantil, o que acho muito salutar. Quem sabe não comece por aí um novo capítulo do Teatro Infantil?

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