sábado, 24 de novembro de 2007

A crise na teledramaturgia

Não é de hoje que dizem que a teledramaturgia está em crise. Será? Muitos dizem que estamos vivendo uma crise autoral. Eu não acho! Outros dizem que o formato da telenovela se esgotou. Mas, como explicar o zum zum zum que toma conta do país na última semana de uma novela? Acho que o problema é outro.

Todos nós sabemos que a novela passou a ser um produto muito rentável para as emissoras de televisão, muito embora seja uma obra bastante, e a inclusão de cada vez mais anunciantes, a faz uma excelente vitrine, que quanto maior audiência, mais possíveis compradores dos produtos anunciados, e conseqüentemente, um lucro maior para ambos lados. Será que esse modelo de vitrine o verdadeiro motivo da crise na teledramaturgia?

Participando de um debate com alguns autores de telenovela, onde esses e outros assuntos foram discutidos, uma questão veio a baila. A interferência das altas cúpulas das emissoras que estão preocupadas única e exclusivamente com a questão mercadológica do negócio. Tirei então minha conclusão. Não existe crise na teledramaturgia brasileira, o que há é uma crise oriunda dos executivos responsáveis pela aprovação dos projetos de teledramaturgia, que atrás de mais lucros, engessam o autor, delimitando o seu grau de criatividade, em troca de um modelo óbvio e que garanta o espaço para a inclusão de seus anunciantes.

O medo de arriscar em produto novo também é o que tem feito, principalmente as novelas da “Globo”, parecerem as mesmas. Parece aquela velha receita de bolo da vovó. Junte todos os ingredientes, bata e coloque para assar, em dez minutos, tem-se um bolo quentinho. Ora, dramaturgia não tem fórmula, e o tempero é o que dá o sucesso ao produto. Talvez esse conceito de dramaturgia tal qual um bolo é que esteja levando as novelas, principalmente as da “Globo”, a terem seus índices do ibope em ligeira queda.

Vocês podem até dizer, que houve na “Globo” uma tentativa de inovar chamada “Bang-Bang”, só que nem mesmo o autor, teve tempo de explorar a sua idéia. Talvez, os executivos responsáveis, arrependidos da tentativa, trataram logo de tentar refazer o mesmo bolo de sempre. Resultado: A receita desandou totalmente. E a partir daí, só o convencional.

Outros podem dizer: - Mas a “Record” tem tentado inovar, e eu digo: ainda bem! Muito embora, precisamos de um tempo maior e da continuidade do processo, para termos a certeza que existe alguém tentando remar para uma nova direção. Algo que chego a duvidar, pois quanto se trata de bussiness, se o retorno não for o satisfatório, aborta-se o projeto, e pronto!

Acho que a tal crise da teledramaturgia esteja longe de ser algo que tenha a ver com o autor que escreve novelas. É claro, que ás vezes eles se repetem uma coisa aqui, outro ali, afinal de contas, trata-se de dramaturgia que procura retratar a vida real, e ás vezes, as coisas se repetem também na vida real. Hoje a novela é reconhecidamente um produto cultural, e não há como negar. Mas, enquanto os altos executivos continuarem preocupados apenas em faturar com elas, a coisa só tende a piorar. Pode ser que quando eles derem conta desse quadro, seja tarde e eles percebam que tenham perdido a galinha dos ovos de ouro, e aí? Bem... Só saberemos o desfecho disso tudo, no próximo capítulo.

Um comentário:

Alex Felix disse...

Eu não acredito muito nessa crise da teledramaturgia, não. Não acho que há crise de anunciantes nem de audiência, sem contar que o número de telenovelas produzidas vem aumentando a cada dia. Também não acho que haja crise de criatividade. O que acho é que as novelas poderiam ser mais curtas e ter menos personagens, menos puritanismo e um pouquinho mais de humor.