sábado, 7 de julho de 2007

A Força do Teatro

Nos anos de chumbo, o Teatro foi um dos grandes instrumentos com os quais se foi possível enfrentar a ditadura militar. Em cima do palco, grandes atores e atrizes, davam vida às histórias criadas por grandes dramaturgos, que com muito talento, conseguiam driblar a censura, e mostrar ao povo tudo que se passava com o país.

Com muitas perdas e muitos sacrifícios, a ditadura e a censura ficaram para trás, a democracia tomou conta do país. Mas, o que aconteceu com a força do Teatro? Muitos dizem que a abertura influenciou na queda de criação, e o fato de se ter conquistado a liberdade de expressão, tirou o poder do Teatro de ser um instrumento de informação.

Talvez pelos anos em que foi um dos principais instrumento contra a ditadura, o Teatro sofreu um certo desgaste, natural, eu acho! Foi preciso uma oxigenação, e na minha opinião, foi essa oxigenação que deu origem ao um teatro menos compromissado, politicamente falando, trazendo à tona, um Teatro descontraído, de cotidiano, de pura diversão, dito comercial.

Esse Teatro dito comercial, tal qual o Teatro engajado dos tempos da ditadura, têm força, e por mais que divirta muito mais que informe, esse Teatro dito comercial, também é competente e tem o seu valor. Mas isso é assunto para uma outra oportunidade. O que importa agora é a força que o Teatro pode ter.

Muito mais que uma arte, o Teatro sempre teve uma importância social muito grande, principalmente quando chega às camadas menos favorecidas da sociedade, ajudando a instruir essa população carente de cultura e informação.

A situação em que passa o país, faz pressupor a necessidade de uma revolução, mas sem armas, sem brigas, sem perdas de vida, uma revolução feita pelo poder da palavra e de ação, e o Teatro têm essa força! É preciso uma mobilização da arte contra essa processo degenerativo em que passa o país. Não é possível suportar tanta corrupção, tanta violência, tanta desfaçatez de certos de homens que usufruem do dinheiro público para o seu bel prazer.

E é preciso apressar o passo, pois alguns outros homens estão tentando de uma forma sorrateira de uma forma camuflada, implantar a censura no conteúdo de programas de televisão, através da classificação indicativa, numa tentativa de inibir a criação ou talvez de proteger os interesses de alguns, e quem tem essa força de contestar? O Teatro.

Dramaturgos, diretores e atores, precisamos empunhar essa bandeira para mostrar a força que o Teatro tem. Que é possível, em cima de um palco, passar a limpo novamente esse país. É chegada a hora da luta, de mostrar a força do Teatro como instrumento transformador para uma sociedade diferente, não sei se melhor, mas, diferente.

Há uns tempos atrás, alguns acharam que podiam, por que hoje não haveríamos de achar que podemos?

Um comentário:

malu disse...

Paulo,creio que o Teatro continua sendo um grande instrumento de concientização,mas atualmente,está meio acanhado,não se arrisca,não sei se é por mêdo de não ser aceito,ou ser criticado,ou é mesmo que ninguem quer esquentar a cuca,com os problemas atuais,deixando o barco correr á deriva.
Sempre amei o teatro,passei pela ditadura,onde se fazia um teatro responsável e consciente.Tínhamos a mente preparada para ouvir as informações alí contidas,mesmo que fossem manifestadas entrelinhas...pegávamos no ato.
Hoje tudo é muito bonitinho,engraçado,divertido,como se os dramas atuais estivessem á quilometros de distância de nós.Não se têm consciência de que
nós estamos no meio dessa diversão toda,sofrendo as consequências das impunidades políticas.
Concordo com vc,sim tem que haver um movimento para essa mudança, e creio que vai ser para melhor...precisamos todos acordar desse sono comodista.Lucia