sexta-feira, 6 de abril de 2007

ENTRE LETRAS E NÚMEROS

Eu sempre tive uma paixão arrebatadora pela arte de escrever, desde a tenra infância rabisco minhas histórias, meus poemas e minhas idéias, antes com a caneta esferográfica, passando pela boa e velha máquina de datilografia, até os dias de hoje, onde delicio-me sobre a maciez do teclado.

As poesias, sempre foram o meu carro chefe durante a minha primeira fase, lá no meio da adolescência, muitas delas serviram de letras para canções compostas por um amigo e velho parceiro com o qual produzo coisas até hoje. Mas, essa fase poética, foi interrompida quando conheci o teatro. Apaixonei-me por aquele jeito de contar histórias, de inventar histórias...

Paralelamente a esta minha vida amadora de escritor e de ator de teatro amador, ganhava os meus trocados trabalhando em uma contabilidade, isso mesmo, em um Escritório de Contabilidade! E o que aconteceu? Aquela arte de conhecer a situação financeira de uma empresa, tomou-me de surpresa e passei a dividir o meu tempo, entre as letras e os números.

O tempo foi passando, e aqueles que caminhavam juntos, foram ganhando importâncias diferentes em minha vida. A necessidade de prover a família foi jogando-me cada vez mais nos braços dos números, e a contabilidade virou meu ganha-pão e acabei por deixar as letras com meu hobby.

Tornei-me um profissional da área de contabilidade e ainda hoje, prestos serviços a micro empresas e profissionais liberais, sempre com muita responsabilidade. Mas as letras nunca deixaram os números trabalharem em paz. Aliás, se não fossem as letras, os números teriam me enlouquecido.

Vivendo durante anos sobre uma filosofia barata a qual sempre dizia a mim mesmo, talvez numa tentativa de consolar-me, que: os números me sustentam e as letras me alimentam, resolvi dar um basta! Decidi a cerca de cinco anos atrás, que as letras deveriam retomar o seu lugar. Tirei meus textos da gaveta, participei de concursos de dramaturgia, fiz curso de dramaturgia, de roteiro, de produção, li vários livros sobre o assunto, e de tanto persistir, consegui ser premiado com dois textos em um concurso de dramaturgia e ter duas peças minhas em cartaz.

Hoje, ainda sobrevivo da profissão de contabilista, mas, mais e mais o caminho das letras está se abrindo pra mim, e logo, logo, o jogo será o inverso, e os números servirão apenas para contabilizar o sucesso das letras.

3 comentários:

Alexandre Cortez. disse...

eita, Paulinho... gostei muito... gosto de ler sobre as coisas do cotidiano das pessoas, exatamente do mesmo jeito que faço lá no meu cantinho... deixa eu te dar uma dica... permita comentários anônimos no teu blog... porque senão, só quem tem perfil aqui no blogger vai poder te deixar comentário e isso é um pouco de exclusão digital, né ?.. hehehehe... muda aí, pô... deixa a galera comentar geral... grande abraço...

malu disse...

Gostei muito Paulo.É realmente,ainda precisamos viver de números,valores...mas os nossos sonhos também são importantes.Eles se tornam realidades,a partir do momento que deixamos que eles se tornem parte de nossa vida.Senti esse texto,como parte de sua auto-biografia.Abraços,Maria Lucia

Unknown disse...

O que posso escrever? Acho que começarei dizendo o grande prazer que sinto ao ler seus poemas, seus pensamentos, seus sentimentos... conhecer-te um pouco mais e sentir o quanto pessoas como você transpiram a vida com o que há de mais sublime no SER humano.
Não sou frequentadora assídua da net, mas sempre que posso dou uma chegadinha até aqui e me alimento para enfrentar os números que no meu trabalho contabilizam o aumento da violência, da desigualdade, da desesperança e da dor.
Obrigada por você estar aqui.
Um grande beijo,
Rosana